terça-feira, 3 de março de 2009

Bachianas

Brasil. Vida de cão. Qual terá sido a motivação primeira dessa citação? Vida de cão com dono, ou sem dono. Hoje assimilamos com uma vida difícil. Mas será que sempre foi assim? Brasil. Ordem e progresso. E onde vai parar essa evolução de país? Estamos ao lado da China, da Índia e da Rússia em termos de investimento. Somos atraentes ao olhar estrangeiro. Nâo só dos gringos investidores, atraímos também os puteiros, os aventureiros e toda uma sorte de -eiros que querem sentir na pele o exótico, o incerto, o maleável e indelével jeito brasileiro. Que "boa" vida temos! Somos o país do carnaval, do churrasco, das mais diversas paisagens e climas, bichos e plantas que só na Amazonia contam mais que aqueles reunidos no restante do mundo. Somos plural, múltiplos, profundos poços de não-saber. Li num livro que herdamos do português o gosto pela aventura, do índio a intolerância às regras e o nomadismo, do negro a bondade de um povo que teve a alma roubada, e ainda assim se submeteu ao chicote de seu algoz. Aí está uma bela mistura de um povo que age e não pensa, que usufrui e não cuida, que cede e não aguenta. São tantos nãos que me vêm à cabeça, negação de tudo e ao mesmo tempo o tudo querer. Isso é ser?
Mas aí, quando ouço as Bachianas de Villa-Lobos, vejo que tem querer, expressão de um não sei o que. Mas que é lindo. E me toca de tal maneira a alma, e posso ouvi-lo initerruptamente, até adormecer. Aí em meu sonho serei guiada pela entoada de uma sereia. Planerei acima do mar e das montanhas, junto das águias em busca daquele canto sofrido e lindo. Amor. Sofrimento. Dois sentimentos amalgamados. Quero voar. Já me sinto agora mesmo pisando nas núvens de um saber que desconheço.