segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Entrei pelo cano

Isso só não pode ser agradável!

Imagina vc literalmente escorrendo por um cano apertado, sujo, com teias de aranhas, fungos, espremido e sufocado até chegar do outro lado. Não é uma sensação boa. Mas se vc levar pro lado positivo, seguindo o passo-a-passo da autoajuda, pode ver algo de bom nisso. Nunca mais vai querer entrar pelo cano, e para isso, vai ficar mais esperto com os 'canos' que possam pintar na sua doce vida.

Mais uma vez me deixei iludir pela oportunidade 'na mão'. Topei um trampo maneiro, muitas horas, pouco dinheiro, mas o trabalho em si, parecia interessente. Aí pensei (como sempre), por que não?

Não tô fazendo nada de mais, tenho 'só' a monografia pra escrever, ler uns livrinhos pra faculdade, cobrir as horinhas da bolsa de extensão, participar de alguns eventos 'bobos' na universidade, e cuidar do meu lar doce lar. Acho que não vai ser muito puxado. E ainda ganho um extra. Vai ser ótimo!

Durou 3 meses.

Realmente não me atrapalhou muito na realização das tarefas citadas acima, só que eu ignorei um detalhe (que eu sempre ignoro): a convivência com as pessoas. Isso sim pode atrapalhar uma vida. Tem certos tipos de pessoas que não são boas para conviver. Uma energia pesada, mal-carateres. No começo levei as histórias na brincadeira, brincadeiras de mal gosto, mas tudo bem, o primeiro mês, de novidade, passou numa boa, conseguia até estudar durante o expediente. Veio o segundo e as brincadeiras foram perdendo a graça, ficaram mais pesadas, começaram a mexer em assuntos particulares, falar de sexo e a zoar com o dinheiro. A intimidade é uma droga! (quando não há respeito, claro)

O que eu achava errado, eles faziam na maior tranquilidade. Tapear os outros, mentir, falar de intimidades, usar a palavra como arma para a pilantragem, e pior ainda falar da vida sexual. Não confunda pilantra com malandro. Existe um fio tênue que proteje os malandros de acusações mais pesadas. No entanto eles também podem se confundir e ultrapassar essa linha, num tropeço. E sempre tropeçam, é muito dificil se manter por muito tempo de um lado apenas. As facilidades (perigosas) que a pilantragem oferece são tentadoras.

O assédio, muitas vezes disfarçado em silencios e olhares. Até que partiu para o toque. Nada muito pesado, mas uma puxada de cabelo, umas palavras susurradas ao ouvido, insinuações. Fui pegando nojo, tendo raiva, vontade de falar palavrões. Que angústia estava sentindo. Quando falava mais alto, me mandava calar. Chiuuuuu! Desgraçado!

O pior que nestes momentos eu não sabia o que fazer, as vezes ria, as vezes ignorava, as vezes brigava. Mas já estava ficando sem forças para toda hora estar dizendo: Ei, para com isso, sai daqui, me deixa em paz!

O dia fatídico veio numa quinta-feira de novembro. Cheirou meu cangote, depois seu funcionário fez o mesmo. Dei um chega pra lá no último, e uma cotovelada e um grito no primeiro. Que invasão. Babacas! Só piorou. O que tinha que efetuar o pagamento da galera chegou 10 minutos depois da hora do banco fechar, que azar... Atrasou o pagamento, isso já estava no segundo dia de atraso... Parece que isso é normal aqui no Brasil, pelo menos nos fazem pensar assim, mas não é! Isso é coisa de amadores e pilantras sem-vergonhas.

Saí do emprego, xinguei ele pelo telefone, mas logo começou a falar e me chavecar, pra eu ficar tranquila. Queria me convencer a continuar trabalhando. Não sei o que passa pela cabeça. Mas acabamos numa conversa tranquila. Não fiquei puta até o final. Nem falei pra ele nada sobre o assédio pra justificar a minha partida. Não sei, acho que sou tonta. Deixei passar, disse tudo, menos isso. Claro que não vou voltar a trabalhar pra ele. Mas, será que processo?

2 comentários:

Renan Moreno disse...

Deve sim, se você não fizer deixa de ser vítima e passa a ser cúmplice, perpetuando o assedio moral.

Dmitry QG disse...

A monografia tá puxada hein, nunca mais escreveu aqui. Mas é isso que o cara falou, se deixar sempre vai rolar e nunca vai se acabar.
Boa sorte na mono.