sábado, 24 de janeiro de 2009

Hipocrisia

Entrei no blog Generación Y, de Yoani Sanchez, uma cubana que revela em seus posts uma realidade da ilha, até então camuflada. Não que ela tenha sido a primeira a querer divulgar como é a vida do povo por lá, mas foi a primeira vez que eu li, assim, com todas as palavras, o que o povo sofre num país governado por um pseudo comunismo.
Minha tia uma vez foi a Cuba, fazer uma jornada de saúde do sindicato dos farmaceuticos. Passou 10 dias lá e voltou contando histórias bem estranhas para uma menina que não tinha a menor noção do que era o comunismo. Lembro-me claramente que ela disse que os cubanos não podiam se aproximar dos turistas, que eles tinham a fome estampada no rosto, e que um deles se aproximou rapidamente e pediu um sabonete para tomar banho. Aquilo ficou gravado na memória, com um ponto de interrogação no final.
Me interessei pelo moviemento da esquerda, lendo Jorge Amado, na trilogia Subterrâneos da Liberdade. Depois li Os Miseráveis, de Victor Hugo. Sempre que tinha algum trabalho de história na escola ou faculdade, escolhia algo relacionado a isso, apresentei um trabalho sobre a Revolução Russa em 1917, falei de Lenin, Stalin, Trotski... Depois me interessei por Cuba. Sempre ouvia um lado da história em que o Fidel era muito bom governante, que o povo cubano era o mais inteligente, que todos viviam na igualdade, etc. Li um livro de Fernando Morais, A Ilha, que fala de quando Fidel e seus seguidores deram o golpe, desbancando um outro ditador, e assumiram o governo de Cuba. Fernando Morais idolatra Fidel.
Mas sempre que eu ouvia alguém falando positivamente da vida dos cubanos, eu lembrava da história da minha tia. E, lendo o blog da Yoani, finalmente encontrei um ponto de vista verdadeiro. Os cubanos passam fome, tem racionamento de comida. O turismo é o que mais dá dinheiro. Segundo ela, um garçom ou um maître de hotel podem ser excelentes médicos ou físicos nucleares. Dentistas preferem dirigir taxis à exercer a profissão, cujo salário é ridículo. Então, do que adianta uma ótima educação, o anafalbetismo igual a zero, se as pessoas não têm o que comer, nem o que vestir?
Outro grande problema é o da LIBERDADE. Jornais, canais de TV, rádio, livros, músicas, tudo isso é controlado e censurado. Só se publica o que os Castro querem. Mas a pós-modernidade nos reservou surpresas, positivas até. A internet tornou possível alguma liberdade de expressão. Com isso pude entender um pouco mais sobre a história do povo ilhado e isolado do mundo por uma política hipócrita, que prega a igualdade na teoria, e na prática seus governantes comem lagosta enquanto o povo mendiga um pedaço de carne. Enquanto um se delicia com o famoso rum e o charuto cubano, aqueles que os fabricam não sentem nem o cheiro.
Tem um pessoal que cisma em dizer que o comunismo é uma boa, que Cuba é exemplo de luta. Ficam vomitando baboseiras em conversas, livros, documentários, programas de TV. Mas tenho certeza que ninguém se daria "ao luxo" de passar uma temporada por lá, e viver a realidade dos cubanos.
Entrem no blog: http://desdecuba.com/generaciony/, vale a pena, ler palavras sinceras sobre uma realidade tão perto da nossa.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Scleranthus

Quero o nada,
mas também quero tudo.
Verdade mesmo,
é que não sei o que quero.
Vivo com sono,
uma canseira que tomou conta.
Cansada de tentar,
falhar e levantar de novo.
Medo de machucar-me,
e perder o centro outra vez.
Estou segura,
mas incompleta.
Me falta algo, não sei ao certo o quê.
Ou sei?
Suspeito.
Sempre falta alguma coisa.
Nunca estou por inteiro.
Sou aos pedaços, espalhada.
Nessa minha caixa, que criei sozinha,
tenho segurança, paz e vazio.
Tento me aproximar das pessoas,
mas não quero que se aproximem demais de mim.
Como já disse, tenho medo.
O medo atrasa o conhecimento.
Se perco o medo, caio no outro extremo,
me dou por inteiro e isso também não é bom.
Perco o centro, a personalidade, me perco.
O que será pior, ou melhor, senão ficar nessa vicissitude,
nesse ir e vir, sozinha, acompanhada,
mas no final, sem nada.
Assim atraio e afasto ao mesmo tempo as pessoas.
Jogo a isca, e depois faço careta.
Confusão.
Passo alguns dias absorta em pensamentos,
um, dois, três dias de meditação e logo passa,
volto à minha vidinha segura.
O único momento em que esqueço a armadura em casa,
só porque não cabe na mala,
é quando viajo.
Aí é aventura e vale tudo.
Tudo é válido.
Difícil é encarar a vida como uma viagem.
Mas seria perfeito se eu conseguisse.
É quando me sinto melhor, quando estou por aí,
me aventurando, amando,
aprendendo com as pessoas e com a vida.
Sem medo, nem receio de ser feliz.

sábado, 17 de janeiro de 2009

A solidão enche o saco

Qulequefois tenho companhia pra morar, pra correr, pra andar de bike, pra remar, pra balada, pra viagem, pra filosofar, pra escrever, pra ler, enfim, tenho um companheiro pra cada uma dessas e outras atividades e vivências, e hoje, voltando do cooper, realizei o quanto é melhor fazer as coisas a dois do que sozinha.

Sei disso porque numa fase decidi levar uma vida solitária, fiz isso pra provar pra mim mesma que era bem resolvida, sabe aquele tipo "comigo ninguém pode"? E agora sei que posso fazer qualquer coisa sozinha, só que fui ficando meio triste, o isolamento mexe com a cabeça, e pra pirar é um-dois.

Outra coisa que aprendi é que não dá pra querer que uma só pessoas supra todas as minhas curiosidades, vontades, interesses, tesões. Coitados dos meus antigos namorados, acho que eu exigia demais. Não esperava um homem, mas sim um super-homem. Hellooooo, super-homem não existe. Será? No fundo, no fundo, ainda espero o principe encantado, mas enquanto ele não chega, vou tentando com os errados.

Pois bem, o tempo passou e agora volto a me envolver com as pessoas, foi difícil, confesso, mas senti que era hora de abrir as portas de casa novamente, pra deixar o sol entrar. Como dizia Vinicius de Morais em uma de suas músicas (e uma amiga fez questão de esfregar na minha cara): "é impossível ser feliz sozinho!"