quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Scleranthus

Quero o nada,
mas também quero tudo.
Verdade mesmo,
é que não sei o que quero.
Vivo com sono,
uma canseira que tomou conta.
Cansada de tentar,
falhar e levantar de novo.
Medo de machucar-me,
e perder o centro outra vez.
Estou segura,
mas incompleta.
Me falta algo, não sei ao certo o quê.
Ou sei?
Suspeito.
Sempre falta alguma coisa.
Nunca estou por inteiro.
Sou aos pedaços, espalhada.
Nessa minha caixa, que criei sozinha,
tenho segurança, paz e vazio.
Tento me aproximar das pessoas,
mas não quero que se aproximem demais de mim.
Como já disse, tenho medo.
O medo atrasa o conhecimento.
Se perco o medo, caio no outro extremo,
me dou por inteiro e isso também não é bom.
Perco o centro, a personalidade, me perco.
O que será pior, ou melhor, senão ficar nessa vicissitude,
nesse ir e vir, sozinha, acompanhada,
mas no final, sem nada.
Assim atraio e afasto ao mesmo tempo as pessoas.
Jogo a isca, e depois faço careta.
Confusão.
Passo alguns dias absorta em pensamentos,
um, dois, três dias de meditação e logo passa,
volto à minha vidinha segura.
O único momento em que esqueço a armadura em casa,
só porque não cabe na mala,
é quando viajo.
Aí é aventura e vale tudo.
Tudo é válido.
Difícil é encarar a vida como uma viagem.
Mas seria perfeito se eu conseguisse.
É quando me sinto melhor, quando estou por aí,
me aventurando, amando,
aprendendo com as pessoas e com a vida.
Sem medo, nem receio de ser feliz.

2 comentários:

Dmitry QG disse...

Legal o texto/poema.
Eu só tenho uma certeza na vida ou melhor duas, uma é a morte e a outra é que quero ser feliz, só que esta eu não sei como a gente faz pra conseguir. Sei que não tem formula pronta ja que me sinto feliz de diversas maneiras,
por isso estou sempre "arriscando", tentando o novo, quebrando meus limites, afinal "o medo atrasa o conhecimento".
Eu também fico com medo de arriscar nas coisas, principalmente com pessoas, mas é justamente ai que eu me jogo mais, pois sei que sempre se aprende algo
e dependendo de quem for se vive algo que pode até não ter uma duração longa na descritiva linha do tempo, mas fica eternizada na nossa memória e no coração.
Eu também acho que nunca estou inteiro, nunca sou um, mas acho que deve ser até melhor assim, contanto que a gente não se perca nessa nossa infinitude pessoal e particular.
Pra mim no fim sempre fica algo, nem que seja "alguma palavra perdida e desacompanhada"
Uma vez uma pessoa me disse que demorou um tempão pra pular de uma ponte, mas pulou. Eu do mesmo jeito demorei pra tomar banho nas águas gélidas do rio na chapada, mas depois eu vi que valeu a pena e ela também. espero que ela não mude.
Existem coisas que não se podem fazer com pressa, mas não se deve deixar de faze-las.

Dmitry QG disse...

Esqueci o que é "Scleranthus"?
achei, mas não reconheci a planta.