terça-feira, 14 de julho de 2009

Fria! Eu?


Lendo o romance da Fernanda Young, "Carta Para Alguém Bem Perto" (RJ : Objetivo, 2001), me identifiquei demais com a personagem principal: Ariana. Não que a vida dela seja igual à minha (mas os seus pensamentos...). Ela é casada com um cara podre de rico, dono de uma rede de supermercados - Lisboão - que adora ela do jeito que ela é. Tem uma filha, que tem um cachorro chatinho. A narrativa se desenrola, no geral, em duas épocas diferentes, intercaladas assim, ao longo das 383 páginas. Tem também uns capítulos nos quais ela, Ariana, escreve num diário, ou cartas para um amante platônico que tem o escritório na frente da sua escolinha de balé. Isso mesmo: balé. Na parte em que ela está em São Paulo, ela tenta ocupar o tempo. Porque ela não tem nada pra fazer. Vive sozinha em seu apartamento duplex enorme e perfeito, enquanto seu marido trabalha e sua filha vai para a escola. Em casa, os empregados fazem tudo. Ela fica no ócio de não sabe o que fazer. Suas atividades são: ir ao balé (por querer dar sentido à sua vida) e encontrar-se com o analista (que no final, ela manda para aquele lugar). Não se conforma ter que pagar alguém pra ficar ouvindo suas lamúrias sem resolver nada! Ela não vê a análise como um trabalho à longo prazo. Quer resultados imediatos. Resolve voltar a fumar maconha. O marido acha a idéia estranha, mas não contraria a esposa. Sabe que ela é excêntrica. E adora isso.

A outra parte da história acontece na Europa, onde ela encontra com o amigo gay do marido, Bruno, que tem Aids e está com os dias contados. Resolvem viajar para aproveitar o momento, como uma despedida feliz. Eles alugam um carro e rodam a Côte d'Azur, Italia, Suiça, Alemanha em alguns dias. Ao som de fitas-cassetes de músicas cafonas, ou antigas, o que intensifica o espírito consumista de Ariana. Ela só pensa em ouvir o barulho da maquininha do cartão de credito! Os dois descobrem que se amam. Amor daqueles que se sonha. Enfim.

Teve um trecho no qual Ariana, pensando com seus botões, revela idéias que não são só minhas! (sic). Acredito, agora, que muita gente deve ter essas "crises" de pensamentos. Ou não? Segue um pedacinho do devaneio abaixo:

"Não pode ser. Não posso ser assim. Estar dessa forma, existir. Por quê? Será que todo mundo sente isso? Essa esquisitice enquanto respira? Todo mundo pensa enquanto respira? Pensa em cada bocado de oxigênio que entra e que sai, depois, já estragado, já gás carbônico? Eles sentem assim, da maneira que eu sinto? Gostaria de saber se as pessoas ficam pensando sobre o ar ou se apenas o respiram, de forma simples e vital. Queria saber se é mais agradável ser outra pessoa. Se é bom sentir-se outro. Num corpo mais gordo - será mais macio existir dentro de 90 quilos? O gosto da boca, a sensação de estar vivo, seria diferente? Porque há sabor de vida dentro da cavida bucal. Há microorganismos vivos por todos os cantos da gente. Alguém aí sente isso? Como eu sinto, desde menina, cócegas estranhas, que me inquietam e agoniam, por causa desses seres viventes, que têm funções biológicas que nunca entendi. Quantas bactérias carrego comigo? Por que, afinal, essa complexidade toda? Essa chatice indagativa existencial?
Por que não sou burra? Por que eu não sou uma mesa? Simples como uma mesa. Óbvia como uma mesa. Prática. Aceitável. Necessária."

Bom, Ariana sofre de depressões e euforias descontroladas. É meio louca. E quem não é? Ela não mede palavras e faz o que quer. Mesmo assim, se sente vazia. Até que alguma coisa importante - e trágica - acontece. Sua vida muda o curso. Ela assume uma nova atitude. Assume o papel de uma outra mulher. Em cada mulher, acredito, são tantas personalidades. Temos que escolher qual cai melhor para determinada situação. Tô mentindo? Ela toma as rédeas e assume sua nova vida. Não vou contar o que acontece no final. Odeio quando me contam o final! Quem se interessar, que leia o livro! Eu adorei.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Onde foram parar os xavequeiros???


Na noite quente de Natal encontro todo tipo de gente. Caretas, carecas, cacetes! E tem também os doidos, desvairados, desmiolados. Confesso que atraio mais gente da segunda que da primeira categoria. Até porque me enquadro melhor nesse grupo. Mas já não me sinto tão ligada assim à uma loucura irresponsável de fazer o que dá na telha. Meço melhor meus passos, para não pisar em falso e quebrar o pé. Torcê-lo já é suficiente pra eu acordar, hoje em dia. E como as coisas mudaram desde minha juventude inocente!

Verdade que nunca tive como foco da balada sair catando homens por aí. A primeira coisa que penso quando vou sair é que quero curtir o som e me divertir. Se rolar alguma coisa rolou. Vai saber onde e quando você vai encontrar a tampa da sua panela, né? Mas, estranho muito quando vejo que os papeis se inverteram na noite (e no dia também, as vezes), e que são as mulheres que escolhem e marcam - igual cachorro esguicha postes e arbustos - aqueles caras que já são delas, porque elas escolheram, viram primeiro, e tem vontade da pegar, mesmo que não seja nesta noite, mas numa futura. E as outras tem que dar o fora, fugir dele. Questão de respeito. Pessoalmente, acho isso muito falso e egoísta. Quem é que queremos enganar?

Pois bem, pegar, para aqueles que não sabem, significa, muitas vezes: agarrar, dar uns amassos, levar pra cama (nem sempre) e depois tchau! Acho triste.

Elas andam à sua volta perguntando se você vai pegar, ou não. E no final das contas, quando vêem que o cara tá afim mesmo da outra e não dela, para não dar o braço a torcer, chegam no ouvido e dizem: "Pode pegar! Já pegou? Depois me conta!". Um saco. Me pergunto sempre: o que será que eles acham disso? Será que percebem esse joguinho indecente? Viraram objetos de desejo e possessão. Centros de intrigas e fofocas. Homens! Elas espalham tudo por aí: tamanho, performance e qualidade. Inverteu, não inverteu? E os homens (não todos, eu espero!) estão mais frouxos, fracos ou sem coragem. Esqueceram como fazer. Já faz muito tempo que não levo uma cantada decente... O que eles conseguem fazer pra mostrar que estão afim de você, é colocar a mão na sua cintura, ou então no seu ombro, tentando te proteger de um perigo inexistente. Aí eles esperam um momento no qual você vira pra ele, pra comentar qualquer coisa sobre a festa, e bah!, tentam te lascar um beijo! É muita falta de artifícios. Eu não beijo, viro a cara mesmo! Qual é?

Onde é que foi parar o Homem com H maiúsculo? Um macho de respeito, que sabe tratar a mulher como mulher, e ser homem como o homem deve ser. Nascer homem, ou nascer mulher, na minha opinião, já é muita diferença, é como se fossem criaturas de dois planetas diferentes, e cada um tem seu jeito de ser. Então por que há essa inversão de atitudes? Pode ser que eu esteja andando com a turma errada. Ou que eu esteja equivocada quanto a tudo o que disse acima, que esse seja apenas um caso particular, não sei. Mas já faz tempo que eu não encontro um homem que possa me interessar, que me deixe com as pernas bambas e o coração acelerado. Faz muito tempo!

Tá certo que nós, mulheres, adquirimos independência, somos mais livres, podemos escolher o par que nos convém; trabalhamos, estudamos e assumimos cargos cada vez mais altos. Competimos, votamos, participamos da sociedade ativamente. Mas será que a mulher tinha também que assumir essa postura de macho?

Sempre achei que o homem gostasse de caçar, de ter desafios. Conquistar uma mulher deveria ser como subir uma montanha, árduo e desafiador, mas, quando se consegue atingir o topo, a sensação de prazer, felicidade e satisfação é enorme. Mágico! Lindo! Quem já subiu uma montanha de verdade, sabe do que eu estou falando. A conquista é importante, tem quem diga que é a melhor parte, o jogo do homem e da montanha, cedendo e tirando, até o fim. Muito romântica? Acho que não. Hoje em dia pula-se todas as etapas direto pra cama. E acho incrível depois não entender aquela sensação de vazio... Nada contra o sexo casual. Tô reclamando da falta de criatividade dos homens e mulheres, do espírito nada esportivo, sei lá. As pessoas estão conformadas: já que vamos terminar mesmo na cama, por que não irmos direto pra lá?! Porque não! Muito sem graça.

As mulheres (muitas, mas não todas) se tornaram caçadoras também, os homens estão meio perdidos e não sabem mais como fazer. Estão inseguros. Eu sinto isso. Aí, como eu não tenho nada de caçadora (acho que sou romântica mesmo), sou muito mais espreitadora, segundo o Castañeda, fico aguardando um homem de verdade cruzar meu caminho. Será que ele ainda existe? Ou estão todos sob a mira feroz das mulheres fogosas, de cios eternos? Espero que não.