Ela sentia-se, naquela manhã de quinta, estranhamente atraída
pelo ator. O mundo artístico sempre a encantou, nunca sentiu-se
inteiramente parte dele, mas sempre gostou de ali estar de alguma
forma. Não sabia muito bem o que era, misto de curiosidade e engano.
Obssessiva, pensa nele,
para não pensar no fim do mundo.
Olharam-se, caminhavam lado a lado
num corredor ilumidado pelo sol da tarde, tentou beijá-la. Ela
afastou-se, encabulada. Que ousado! riu seu pensamento. Gosta do jogo
da sedução, gosta de flertar, é uma brincadeira saudável. A
paquera a alimenta de forma tal que se sente criança. Seu problema é
quando a relação se estabiliza: ela
enjoa. Num enfado monumental, quer fugir a qualquer preço e
busca loucamente uma falha de carater ou de atitude para pular fora.
Nem sempre consegue simplesmente sair da relação porque não quer mais. Sofre um pouco e
deplora o tempo perdido. A fase da conquista é a melhor para ela. Se ao menos
alguém conseguisse manter nela essa energia sempre acesa, não
cansaria nunca. O grande problema está na entrega. Quando o faz,
sente-se automaticamente atrelada ao sujeito como
se fosse para sempre. Acorrenta-se. É uma auto-prisão. E então, queda livre; tédio e angústia até mandar tudo pelos ares.
Teria ela algum problema
psicológico? As vezes pensa em ter relacionamentos leves e livres,
sem cobranças, com vários caras. Ir experimentando como certas
amigas fazem. Pura diversão e prazer. Porém, quando encontra alguém por
quem se interesse, aposta todas as fichas acreditando que dessa vez
achou o tal, e algum tempo depois, vê que se enganou (como não?) Frustra-se. Busca, incansável, uma forma de
melhorar essa dualidade que a mantém só durante a maior parte
de sua vida.
Passou uma noite tranquila. Almoçou
italiano e tomou quase uma garrafa de chardonnay californiano. Pensou nele. Estava
tudo delicioso. Entorpecida e alegre, fumou um cigarrinho pra
encerrar a refeição copiosa. Divagações passaram pela sua cabeça.
Correu para a frente do computador e entrou na página de relações
para olhar a vida alheia. É para isso que servem essas páginas,
não? Sente uma vontade louca de
dançar. Liga o rádio e coloca um sambinha animado. Pisoteia o chão
de sua sala, gira em torno de seu eixo, ri sozinha. Amanhã quero
sair. Sente que a vida voltou depois de uma semana de baixo astral.
Uma nova história a anima: acaba de
sair de um relacionamento longo. Passou pelo menos dois
meses para conseguir realmente desfazer as amarras e agora se sente
leve e com vontade de embarcar em novas histórias, conhecer pessoas, dançar. Alegrias e
aventuras é o que quer. Amor, desejo, tesão: tudo num prato só.
De tarde foi para a aula de cinema. O professor a encanta pela sua calma, timidez e modo pausado de falar. Ela o deseja. Pena que o vê somente uma vez por semana. As conversas que têm são sempre boas e deixam aquela sensação de que ainda há muito mais a dizer. Quando ele se despede, sai tão rápido que mal dá pra responder o até logo. Ela não entende: ele parece interessado, mas tem horas que ela realmente não sabe: ele é distante, e não fica perto dela nos intervalos. Pode ser discrição... Sorri pensando na tarde com o professor.
Voltando para casa viu a lua nascer atrás das dunas verdejantes. Linda! O céu cor de rosa e o verde da mata contrastando. Entusiasmou-se: Vou sair, ver gente, conversar e rir. Ainda tentou se segurar, ficar em casa seria mais prudente. Mas que nada. Fez uma ligação, passou a mão na bolsa e saiu. Foi no aniversário de um boêmio. Tomou copos de cerveja e fumou cigarros. A conversa estava boa. Atenta, escuta o pessoal mais experiente do que ela. Tocou uma música de anos atrás que adora. Ela se levantou para dançar: viva a juventude! gritou o aniversariante. A festa acabou cedo. Dispensou a carona, preferiu voltar a pé. Andando pra casa, alegre, meio arrependida dos cigarros (vício maldito que nunca sairá de mim?), conversa com a lua, que já vai alta no céu marinho.
De tarde foi para a aula de cinema. O professor a encanta pela sua calma, timidez e modo pausado de falar. Ela o deseja. Pena que o vê somente uma vez por semana. As conversas que têm são sempre boas e deixam aquela sensação de que ainda há muito mais a dizer. Quando ele se despede, sai tão rápido que mal dá pra responder o até logo. Ela não entende: ele parece interessado, mas tem horas que ela realmente não sabe: ele é distante, e não fica perto dela nos intervalos. Pode ser discrição... Sorri pensando na tarde com o professor.
Voltando para casa viu a lua nascer atrás das dunas verdejantes. Linda! O céu cor de rosa e o verde da mata contrastando. Entusiasmou-se: Vou sair, ver gente, conversar e rir. Ainda tentou se segurar, ficar em casa seria mais prudente. Mas que nada. Fez uma ligação, passou a mão na bolsa e saiu. Foi no aniversário de um boêmio. Tomou copos de cerveja e fumou cigarros. A conversa estava boa. Atenta, escuta o pessoal mais experiente do que ela. Tocou uma música de anos atrás que adora. Ela se levantou para dançar: viva a juventude! gritou o aniversariante. A festa acabou cedo. Dispensou a carona, preferiu voltar a pé. Andando pra casa, alegre, meio arrependida dos cigarros (vício maldito que nunca sairá de mim?), conversa com a lua, que já vai alta no céu marinho.
2 comentários:
Parece uns alguéns que conheço... o.O
Que lindo!
Fagner.
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