domingo, 26 de abril de 2009

Jessier Quirino


Nesta última terça-feira fomos - eu, minha mãe, tia e vó - assistir o poeta, arquiteto, "matuto" e contador de causos, Jessier Quirino. Pense num homem baum! Ele vem de Campina Grande, Paraíba, aqui do lado. Conta as histórias dos matutos acompanhado por seus músicos, as vezes em prosa, as vezes em versos, e algumas mesmo, na cantoria acompanhada de viola. Êta caba arretado!


Mas antes de ele começar tivemos a oportunidade de comprovar que a quantidade nunca vai superar a qualidade. Eu sempre digo que prefiro comer um pedaço de pizza boa, do que me empanturrar num rodizio de pizza ruim. Pois bem, não vou citar o nome do cidadão, vou apenas dizer que ele entrou no palco as 18h35 e só saiu as 20h. Nós estávamos loucos para ver o tal do Jessier, e quando digo nós, falo do Alberto Maranhão cheio. Se fosse um negócio bom, a gente até que aguentava, mas ele repetiu a mesma entoada, com palavras diferentes, 1h30. Uma música alta, de estourar os tímpanos. Nos encheu de quantidade, e pouca qualidade. Se tivesse feito apenas 30 minutos de show, acredito que iria deixar uma impressão diferente na platéia.


Mas voltemos à Jessier Quirino. Ele afirmou, logo no começo, que não é bem causo que ele conta, mas sim "acontecenças". As acontecenças são os causos propriamente ditos, com um toque de romantismo pra enfeitar a história. Contou a história de um matuto que vai no cinema da capital, e assiste um filme internacional com legenda! e quando volta, conta tim-tim por tim-tim pros cumpadres da região. Depois descreve um banheirinho das casas de interior. Fala do homem de 80 anos que vai no tribunal da cidade pra se separar da esposa cinco anos mais nova, que depois de ganhar uma televisão vive elogiando o Toni Ramos. Uma muito engraçada é a que ele conta quando um filho de fazendeiro vai estudar na capital, depois convida os professores pra irem visitar a fazenda do pai no interior. Este último, muito do contente manda preparar as comidas típicas e a sua sobremesa preferida: doce de leite de caroço (mas que diabo é isso?). Como só haviam 6 pires, a mulher do fazendeiro arma um esquema de primeiro dar os pires pras visitas, depois vai lavando pros de casa poder comer a sobremesa também. Acontece que o véio vai vendo as visitas se acabarem no doce, fica aogniado e diz: "Maria, me traz um prato de sopa!". A mulher acha melhor não, falta de etiqueta. Êta etiqueta pra atrapaiá. Para desespero do véio, uma das professoras do seu filho chega perto dele e pergunta: "o senhor não gosta disso não? tá tão baum...!", se lambusando no doce. No que ele responde sério: "eu daria o cú por um pires desse!". Ele contando e interpretando isso é muito bom. Satisfação garantidíssima!


O Jessir faz do interior - que as vezes a gente pensa que é sem graça, paradão, monótono - num campo pitoresco, farto de idéias, belezas e muita gente interessante. Ele defende a "causa" do sertanejo. Adorei! Quando tiver de novo, vou com certeza!

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