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- Nas duas primeiras semanas de trabalho, que começou no dia 5 de agosto de 2008, aprendi a conviver com o meu chefe, elogiando minha roupa, meu cabelo. Até que um dia me perguntou a cor da minha calcinha. Eu disse que estava passando dos limites.
- Foi para Mossoró fazer uma campanha política. Pelo telefone fazia insinuações, sempre insistindo na cor da minha calcinha. Eu pedia pra ele parar, queria tratar dos assuntos profissionais, mas ele sempre insistia e dizia que no fundo sabia que eu gostava, “um pouquinho não é”. Não!
- Depois vieram as conversas no msn (as duas últimas estão no processo). A primeira resulta de uma visita que ele fez a Natal e a esposa, durante a campanha, que durou um dia. Passou pela empresa, e gostou da minha blusa. Nesta altura eu estava irritada com a situação, não falava mais com ele, só o essencial do trabalho. Ele percebeu, mas não se conteve e me mandou um sms, dizendo “ADOREI sua blusa hoje... hehehe... Bjus, se cuida!”. Deixei pra lá. No outro dia entrou no msn e falou de novo da blusa, insistente. Ela não tem nada de mais além de ser discreta e elegante. Depois, na última conversa pelo msn, não agüentei e briguei com ele. Logo em seguida me ligou dizendo que eu tinha que entender o jeito dele, que ele era assim, mas que tomaria mais cuidado comigo para não me ofender.
- depois disso não tivemos mais problemas, até ele voltar de Mossoró e voltar a trabalhar na empresa como editor. Foi no dia 5 de outubro.
- Logo de cara fez questão de me deixar desconfortável com sua presença. Me barrava a passagem quando eu queria sair da minha sala, ficava na porta olhando pra minha cara, com olhar insinuante. As vezes, eu ia na sala de edição mostrar algum orçamento mais complicado de fazer, pra pedir auxilio, e ele me dizia que o que eu estava merecendo eram umas boas palmadas. Isso ele já dizia ao telefone, quando estava em Mossoró. Outra vez que fui tirar duvida sobre um roteiro, e qual seria o áudio que pegaríamos, ele me disse tudo e quando já estava no corredor pra voltar pra minha sala, ele fez “Psiu”, eu já olhei meio sem vontade. Ele fez uma cara de tarado e dobrou o braço com o punho em riste como quem diz: “to de pau duro”. Saí enojada.
- Até que umas duas semanas antes de eu sair, a situação piorou drasticamente. Ele começou a passar o dia todo na empresa, e quando se cansava de trabalhar, vinha na minha sala, sentava na mesa em frente e ficava falando da vida intima dele a da esposa, do tempo que eles não transavam, do sexo oral que havia rolado entre eles e mais nada por causa do enjôo da mulher que estava pra dar a luz, que ele estava necessitado, precisava gozar, “não há nada melhor do que gozar, do que o sexo!”. E disse que era a favor do sexo pelo sexo, que naquele momento precisava de uma amiga que transasse com ele sem se apaixonar, só pelo prazer da transa, porque garantiu que ele era muito bom de cama, que sua maior preocupação era o prazer da mulher. Não agüentaria olhar pro rosto da mulher insatisfeita na cama.
- Neste mesmo período, veio por trás, pegou meu cabelo num maço, e puxou como quem está cavalgando um fogoso “cavalo”. Você gosta disso? Perguntou com aquele sorriso insinuante. Gritei e mandei ele soltar, não me encosta! Ele disse pra eu ficar quieta!
- Pela primeira vez cheirou meu cangote, sai daqui! eu disse, e ele respondeu que não estava fazendo nada de mais, que eu estava exagerando. E ainda me perguntou qual a marca do perfume pra disfarçar.
- Na quinta-feira, 6 de novembro, foi a última vez que ele me encostou. Era de tardinha, eu estava de pé, falando no telefone do fax, perto da parede, virada para a janela, negociando um orçamento com a TP Publicidade, tentando entender melhor como era o VT que eles queriam fazer. Ele chegou sorrateiro, de um jeito que eu não percebi, até que me encostou por trás e deu uma longa fungada no meu cangote. Ele estava tão perto e inebriado, que consegui acertar uma cotovelada nele e disse pra ele sair de perto de mim e me deixar trabalhar. Ele saiu rindo. Ainda fiquei até o final do expediente, para receber o salário do mês, que já estava atrasado. Mas eles não pagaram ninguém!
- Na sexta eu não fui trabalhar, não queria mais trabalhar, estava com nojo. Só queria receber e nunca mais ouvir falar nele, nem na empresa.
- Segunda-feira fui buscar o dinheiro. Ele não estava na empresa, também não atendeu o telefone pra me dar alguma explicação. O celular estava desligado, assim como o da esposa e o telefone da residência chamou e ninguém atendeu. Liguei pro pseudo-sócio, que disse que isso era com o chefe e não com ele, mas que poderia tirar da conta dele e me dar na hora do almoço. Infelizmente não peguei esse dinheiro. Peguei minha bolsa e fui embora. Umas 11h o chefe me ligou como quem não quer nada. Falei muito do que pensava sobre o funcionamento da empresa e das atitudes dele e do “sócio”. Estava muito nervosa, mas no final da conversa estávamos numa boa. Até me convenceu de trabalhar no outro dia pra deixar as coisas em ordem para a próxima pessoa que fosse ficar no meu lugar. Eu aceitei com a condição que ele deixasse meu dinheiro na gaveta do escritório, era a minha garantia.
- Cheguei na terça as 8h no escritório pra fazer tudo logo e poder dar um fim naquela história. Só que ele não deixou o dinheiro, meu salário, aí foi o fim. Além de agüentar as investidas sexuais dele, ainda era enganada. Liguei pra ele na hora, perguntei pelo meu pagamento e ele me xingou, disse que não era criança e me mandou sair da empresa e esperar ele na rua, que ele já estava chegando. O Paulo chegou em 15 minutos. Contei a real, disse porque estava saindo pra ele, por causa do assédio sexual do colega empresário. Ele me disse que não era nem a primeira nem a ultima vez que ele fazia isso, que era compulsivo... E eu com isso? Logo ele foi embora.
- depois de 2 horas de espera na rua, no sol, o outro editor me chamou, disse que era pra eu subir e assinar um recibo e ir buscar o dinheiro na Praça das Flores. Eu já estava aos prantos, muito nervosa, liguei e disse que não ia. Em 5 minutos ele chegou ameaçador, gritando e xingando, jogou os 500 reais na mesa como se estivesse me fazendo um favor. Aí eu disse a razão da minha partida na cara dele, na frente do outro, aos berros pra vizinhança toda ouvir. Quando eu disse que estava saindo por causa do assédio dele, ele me perguntou se eu não agüentava pressão. Desde quando assédio sexual é algum tipo de pressão admissível?
- Assinei o recibo e parti.
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