sábado, 30 de junho de 2012

"On ne trouve pas la solitude, on l'a fait" M.D.

O título desta postagem é uma frase que li nas pesquisas que tenho feito sobre Marguerite Duras. Escolhi três obras da escritora francesa para objeto de dissertação de mestrado. Ela diz que a gente não encontra a solidão, e sim, que a fazemos. Escolhemos estar só, assim entendo. E devo concordar. Ninguém fica sozinho por astúcia do destino. Estamos sós porque queremos estar sós. O professor de teorias críticas disse outra coisa bem óbvia, mas que me deixou com a pulga atrás do orelha: estudamos aquilo com o que nos identificamos. Na hora me surpreendi: por que escolhi Marguerite Duras entre tantos outros escritores, épocas, países que me agradam muito mais do que ela? Talvez porque ela não afague, mas rasgue. Eu gosto de estudar assuntos que me ultrapassam. Num estudo anterior comparei o trabalho de jornalistas em tempos de guerra. Assustador. Essa frase de efeito veio pra me acalentar, chacoalhando. Pensei nela, e entendi que eu quase sempre preferi estar só a estar mal acompanhada. Na maioria das vezes não porque as pessoas são más ou entediantes. Muito mais porque eu prefiro estar livre de qualquer amarra pra fazer as coisas que me agradam, que me fazem bem, com seres que façam bem também. Hoje quero ler, amanhã sair. Depois de amanhã estudar e ensinar e na semana seguinte dançar. Seguir meu caminho. Desde pouco entendi que cada pessoa trilha o seu e os relacionamentos são caminhos que se cruzam, andam lado a lado, algumas vezes por semanas, outras por anos e ainda para sempre. O triste é trilhar um caminho que não é seu, submisso à lei do mercado. Case agora ou fique só para sempre. De repente, o só para sempre não me assusta mais. É tão bom estar só tendo consciência que muitos caminhos vão cruzar o meu e eu vou assim seguindo em frente, veemente.

Nenhum comentário: