sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Ribeira


Ribeira. Bairro portuário. Cheiro de peixe no ar.

Estou vindo há quase um mês para a Rua Chile trabalhar, chego às 9h e só saio quando já está escuro. No começo vinha de carro, mas o preço da gasolina me fez refletir e deixar de besteira, pegar ônibus era a melhor solução para vérios problemas, entre eles meu estresse no trânsito e a falta de tempo para ler os livros da monografia.

Nas primeiras semanas voltava pra casa. Logo comecei a ficar por aqui, mas nem punha a cara pra fora da empresa. Agora que venho de busão e passo por vários lugares até chegar aqui, cresceu a curiosidade de ver o que me rodeia. Hoje foi o primeiro dia que saí pra dar uma volta no quarteirão. As pessoas me olham estranhamente, como se eu fosse de outro planeta. E será que não sou?

Dei a volta, indo pro lado direito, passei na frente de bares e restaurantes que só conhecia a noite. Muita coisa está fechada nesse horário de meio dia. Vi duas gatas pretas prenhas. E um gato rajado, que deve ser o pai dos futuros filhotes de rua. Muita gente caminhando pra lá e pra cá, procurando um lugar pra comer. O que não falta são restaurantes self-service, de R$ 5,00. Já sei onde comer quando tiver algum dinheiro. Por enquanto estou dura.

Passei em frente a Tribuna do Norte. Será que é bom trabalhar lá? Devia deixar um cv... mas o jornalismo é mto elitista e seletivo. O ideal seria conhecer alguém lá dentro, pra me indicar. Mas a fila de indicados é bem grande, e o jornal, bem pequeno, como todos por aqui.

Virei a esquina e entrei na rua das peixarias e lá no fundo via-se o porto. O 'grande' porto de Natal. E subiu subitamente aquele cheiro de peixe podre e passado. Quase vomitei. A vida de pescador deve ser muito dura, mas muitos não trocam por nada nesse mundo. Eles estavam lá, sentados na sombra, alguns deitados, esperando sabe-se lá o que.

Entrei na rua do meu trabalho, estava quase deserta, ouvia-se apenas o grito e riso organizado de crianças. Vi uma mulher sentada no chão em frente a porta que eu ia entrar, conversando com um amigo imaginário. Na verdade ela estava discutindo com ele. Quando me viu ficou sem graça, mas logo continuou o falatório. Entrei. Subi aquela escada imensa e cá estou, doida que o dia acabe e eu vá pra casa. Para ficar por lá.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Se...

Foi minha mama que mandou esse texto lindo e verdadeiro.
O que entendi foi que o Klingip fez um rabisco da condição humana. Que independente dos problemas e desafios que encontramos na vida, o somos dotados do poder de superação. Cair e levantar. Acreditando nos sonhos, mas deixando espaço para o improviso. O homem é um ser imperfeito e ao mesmo tempo perfeito. Feliz e agradecido por estar vivo. Foi o que entendi. E vc?
"Si puedes mantener la cabeza sobre los hombroscuando otros la pierden y te cargan su culpa, si confías en ti mismo aún cuando todos de ti dudan, pero aún así tomas en cuenta sus dudas;
Si puedes esperar sin que te canse la espera, o soportar calumnias sin pagar con la misma moneda, o ser odiado sin dar cabida al odio, y ni ensalzas tu juicio ni ostentas tu bondad;
Si puedes soñar y no hacer de tus sueños tu guía;
Si puedes pensar sin hacer de tus pensamientos tu meta;
Si Triunfo y Derrota se cruzan en tu caminoy tratas de igual manera a ambos impostores;
Si puedes tolerar que los bribones, tergiversen la verdad que has expresadoy que sea trampa de necios en boca de malvados, o ver en ruinas la obra de tu vida, y agacharte a forjarla con útiles mellados;
Si puedes hacer un montón con todas tus victorias;
Si puedes arrojarlas al capricho del azar, y perder, y remontarte de nuevo a tus comienzossin que salga de tus labios una queja;
Si logras que tus nervios y el corazón sean tu fiel compañeroy resistir aunque tus fuerzas se vean menguadascon la única ayuda de la voluntad que dice: “¡Adelante!”
Si ante la multitud das a la virtud abrigo;
Si aún marchando con reyes guardas tu sencillez;
Si no pueden herirte ni amigos ni enemigos;
Si todos te reclaman y ninguno te precisa;
Si puedes rellenar un implacable minutocon sesenta segundos de combate bravío, tuya es la Tierra y sus codiciados frutos,
Y, lo que es más, ¡serás un Hombre, hijo mío!"

Rudyard Klingip

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Desassossego

Hoje tive a sensação estranha de que a vida passa a toa. Na hora do almoço fugi para casa. Tinha planos de comer por aqui mesmo, perto do trabalho... mas estava louca pra chegar em casa. Talvez encurtar o tempo aqui e ficar por lá. A manhã foi cheia, e a tarde prometia ser também. Peguei o carro, levando somente o carteira e o celular, que poderia ter esquecido no escritório, mas não esqueci. Óculos escuros, mãos no volante, descendo a ladeira pra dentro do mar. São vinte minutos daqui para a minha casa. O bom é a paisagem da Via Costeira, até dá uma animada ver aquele marzão e o Morro do Careca lá longe. Quando abri a porta do apê os gatos me olharam de um olho só, para ver quem estava chegando e agitando seu sono. Sou eu! A vó tinha saído. Ah, a casa só pra mim! Valeu o rolé. Fiz uma pizza de frigideira e salada verde com tomate. Perfeito e frugal. Logo vou estar com fome de novo. Preciso perder uns quilos e ganhar uns musculos. Estou na minha pior forma.
Passo o dia sentada na frente do computador... 8h por dia. Chego em casa, tomo banho, como e me jogo no sofá pra ver novela. Não tenho forças pra mais nada. Acordo todos os dias as 5h45 para ter tempo de trabalhar na minha monografia. Estou tão atrasada. O que eu acho é que não sei trabalhar. Não consigo! Me frustra ter que fazer a mesma coisa todos os dias. E olha que faz só algumas semanas que estou aqui.
E os dias vão passando, e vêm as semanas, e os meses, e eu aqui nessa rotina. Já estou me sentindo presa. Sou louca? Sou fraca? Sou eu. Podem me chamar do que quiseram. Acho tudo isso um saco! Tô passada hoje. Meu trabalho? Faço (estou tentando, juro!) produção e atendimento em uma produtora de vídeo, istável. Passo el día falando com agências de publicidade, fotógrafos, diretores, motoqueiros, meu chefe mandão, e o pessoal daqui. Mais um bico para o meu cv. Oba... Se sentir idiota ao realizar todos os dias a mesma tarefa é um caso meu, ou todo mundo se sente assim?

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Estrelas da minha vida


Não sei como acontece, só sei que acontece: atraio estrelas de todos os jeitos e em todos os setores da coletividade. O mais importante para elas é brilhar, brilhar tão intensamente, até o ponto de ofuscar aqueles que ousam admirá-las de muito perto.

Comigo sempre acontece no trabalho. Ou melhor, na maioria das vezes. Não me é impossível atrair uma estrela enquanto ando pela rua distraidamente, um tropeço. Mas no trabalho já é de praxe.

Como consigo distinguir uma estrela na multidão? Ora, é muito fácil! Elas andam como se estivessem pisando nas nuvens e sentem-se admiradas por todos ao seu redor. Parece que cabelos e tecidos flutuam harmoniosamente com o vento. Ao falar, têm tanta certeza daquilo que dizem, que acreditamos realmente ser a verdade absoluta. Isso quando somos inocentes e nos deixamos iludir pela máscara perfeita das estrelas. Porque já sabemos: ninguém é perfeito. Mas as estrelas acham que sim. Aí está o pecado delas, mania de perfeição. A estrela tenta de todas as formas nos esconder seus defeitos. E quer que o mundo diga: Sim você é perfeita Estrela!!!
Conheço uma Maria Estrela, um Zé Estrela, tantas estrelas já passaram pela minha vida. E parece que eu não aprendo. Sempre entro no jogo delas! Deixo que se exponham, que mostrem tudo que sabem fazer, brinco de ser estrela também. Só que não levo jeito nenhum. Gosto dos bastidores. De mistério. De respeito e justiça.
E estrela não sabe o que isso significa. Elas se colocam em um nível acima da grande massa, ignorante e feia. Não perguntam, porque já sabem de tudo. Não dividem, porque acham desperdício. O simples fato de uma estrela falar com você, já é uma maravilha, uma dádiva divina! Imagina então uma estrela querendo ser sua amiga? É a glória!

Quantas estrelas já não foram minhas amigas! Como tive sorte! Um bando de petulantes e assoberbados me ensinando que na vida, como já dizia uma grande amiga (que não é estrela!), o buraco é mais em baixo!