
Existe um caminho que nem sempre, por sorte, é repleto de gente, barulho, confusão. Muitas vezes ele fica silencioso, como uma floresta européia no outuno. Só se ouve o barulho do vento varrendo as folhas caídas no chão, se vê uma luz morna do sol que está morrendo no horizonte, e a estrada pela frente. Aquele que escolhe trilhá-lo, percebe uma tonalidade alaranjada, com tendências para o marrom, para o amarelo e para o vermelho.
Caminhando por esta estrada o ser sente a força do inverno que se aproxima e que espreme o tempo da passagem do sol pelo continente. Sentimos paz. A certeza de um inverno após um outono, que foi precedido por um verão. A perfeição da natureza!
Em momentos de calma e tranquilidade é quando melhor se pode prestar atenção no que se passa ao redor, e também dentro de si. Não é tudo um reflexo mesmo?
Vejo a bagunça, a vida morna, o desleixo coletivo, como quem olha um animal morto na beira da estrada, com tristeza e indignação.
O outono europeu é um momento particular, aquele que precede a morte simbólica, o inverno, quando começam os preparativos para o fechar-se em si. Passado esse processo, se morre. E morrendo percebe-se o quão a vida é boa para ser vivida intensamente, amada, respeitada. Tomam-se providências e resoluções, e se prepara para renascer, como a Fénix que nasce eternamente das cinzas.
Depois da longa espera durante um inverno cruel, as vezes nem tanto - acontece que ele pode vir em boa hora, quando precisamos de calma, e fechar-se é a melhor coisa que pode acontecer - observa-se as primeiras folhinhas verdes nas arvóres até então ressecadas pela intempérie. É mágico! A vida novamente. Quando acreditávamos no fim, eis que a natureza renasce. É uma explosão de cores e sons, uma sinfonia natural, que alguns compositores e artistas se aproximaram em suas obras com maestria, mas ela é inimitável, porque é perfeita.
O descobrimento pessoal é como o processo natural das flores, dos bichos, da natureza, nos fechamos em nós mesmos na passagem do inverno algoz, ibernamos, e despertamos maravilhados com a primavera que surge em nós.
Refletimos. Aprendemos. Amadurecemos. Assim segue a vida, cíclica, representada pelas quatro estações.
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