quinta-feira, 28 de maio de 2009

Eu quero controlar tudo!


Dizem por aí que a vida é cheia de surpresas, inesperados e mudanças. E é isso mesmo. Contudo, dizer "é isso mesmo" não significa que eu saiba lidar muito bem com essas vicissitudes. Gosto de saber o que vai acontecer, medir as palavras, premeditar as ações, gosto de ter o controle nas mãos. Seria melhor utilizar o verbo no condicional: eu gostaria de ter o controle sobre tudo, mas é óbvio que euzinha não controlo nada!

Enquanto estou aqui em casa, ou com a minha família, ou, no limite, na faculdade, ainda dá pra ter um certo controle sobre os acontecimentos. Digo no limite na faculdade, porque, as vezes (tipo hoje), soltei uma "bomba" por lá, mas deixa pra lá. Piora quando começo a entrar em relacionamentos humanos propriamente ditos, é uma catástrofe! Não sei o que dizer. O que digo acho que é besteira. Certas ações criam em mim uma bola de pêlo na garganta. É uma angústia tão grande! Passo dias refletindo sobre o que outro falou, o que pensou ao falar aquilo e o porquê de o ter dito. A cabecinha trabalha!

E isso não vem de hoje não! Quando tinha uns 12 anos, cheguei pra um amigo meu da rua, que não havia jeito de eu decorar o nome (este é outro distúrbio que trago do berço) e perguntei o nome dele pela enésima vez. É Vando, entendi. Até hoje, não sei porque, eu falei brincando: Já pensou se fosse Vanderson??? rindo. No que ele respondeu: É isso mesmo... Ah, você tá me zoando! Não é isso mesmo, ele respondeu. Bom, já nessa idade queria ter uma habilidade da avestruz. O que pode ser melhor do que enfiar a cara no chão numa hora dessas?

Com o passar dos anos, fui me aculturando, mas o distúrbio não passou, só piorou, porque as gafes eram em círculos mais "intelectuais", sobre assuntos mais "importantes". Continuo trocando nomes, confundindo personalidades, e soltando batatadas fenomenais. Sabendo disso, meu inconsciente já se prepara na hora do "show" diante de uma rodinha de gente, uma pessoa inteligente, ou um cara interessante: Ai meu Deus! Preciso controlá-la! Oh linguinha rápida... Já foi.

Quando quero impressionar? Vocês já devem imaginar. Tentando controlar a situação, faço e falo mais bobagens do que se estivesse a vontade com esse meu distúrbio, se tirasse sarro de mim mesma. Mas não, tentando controlar me descontrolo, depois me envergonho profundamente, e passo dias com a cara enfiada no travesseiro, descascando abobrinhas.

Pelo menos agora eu começo a ter consciencia e a aceitar esse meu jeito trapalhão de querer agradar, mostrar serviço, ou, simplesmente, me expressar. Vocês estão de prova! Troco alhos por bugalhos, muitas vezes pior do que isso. Confundi Levi-Strauss com Eliphas Lévi. Tudo culpa do Levi! São séculos diferentes, persanalidades completamente divergentes. Mas, os dois são muito importantes para a história da humanidade. Oh lá! duas coisa em comum. Tô perdoada!

É isso aí gente, troco as bolas, falo besteira, faço coisas ridículas... não tem jeito: é biológico (valeu Chomsky!). Mas faço tudo pensando no melhor, no bem e na harmonia das causas e coisas do universo. Obrigada pela compreensão! :)


sábado, 23 de maio de 2009

Colocando um limite

Toda sexta-feira faço monitoria de literatura francesa na UFRN e quando dá meio-dia, vou levar ração pros gatos sem dono do setor V. Toda semana morrem uns e aparecem outros. Essa sexta a novidade era um filhotinho de menos de 30 dias de capa preta e peito branco. Minúsculo, mioso, ainda tinha esperança de encontrar a mãe. Mas isso não ia acontecer. Soltaram ele lá, sem dó, pra morrer lentamente. Me pergunto: por que não matam logo o bicho quando nasce, afogado em agua morna? Ou melhor, por que não mandam castrar a gata?
Lá estava ele, pequenino e faminto.
Tinha um funcionário limpando o jardim. Ele não quis me deixar colocar comida por lá. Disse que gato é a pior coisa que existe, que dá doença. Que tinha passado na TV que o pelo do gato é pior que os germes. Assim, ele falou um monte de coisa mal assimiladas, digeridas, generalizou e tomou partido. Eu vou por comida sim! Ele me disse pra colocar mais longe, dali, pros bichos não fazerem sujeira por ali porque os professores estavam reclamando do mal cheiro. Isso é verdade, tive aula numa sala que estava fedendo merda. Mas aí chegamos ao centro da questão: a culpa é de quem? Dos gatos? De quem os alimenta? Ou daqueles que abandonaram os bichos?
Primeiro, nós temos uma vantagem, deveria pelo menos ser uma vantagem: nós pensamos! Somos dotados da razão, deveríamos saber discernir entre o certo e o errado.
Se eu pudesse, traria todos pra minha casa. Mas o triste é que você salva um, e aparecem dez. Tenho ódio de gente que não tem consciência, que não sabe respeitar as outras espécies vivas que habitam este planeta.
E o pior não é escolher um ou outro lado. Mas sim, ser morno, estar em cima do muro. O lado do tanto faz, tanto fez. Achando que a vida é pra se viver assim, ao sabor do vento, sem tomar partido, sem fazer parte de nada.
A gente tá aqui pra crescer, pô! Pra evoluir como espécie. E não pra ficar igual, ou regredir.
O título desse post é "Colocando um limite", porque eu tive que me impor um limite e não trazer mais bichos pra casa. Já tá superlotado aqui. Mas no final das contas, acabei desabafando, e o que caíria melhor como título seria: Galera, vamos acordar!!! Eu falo de bicho, porque acho que essa é a minha causa, é com o que eu me identifico e gosto mesmo de ajudar, de cuidar e de lutar por eles. Mas temos por aí muitas outras causas, tão importantes quanto, e as vezes até mais. Será que é muito difícil arregaçar as mangas, pegar nas "armas" e ajudar alguém? Fazer alguma coisa todos os dias que não seja diretamente voltado para nós mesmo? O mundo não gira em volta de nossos umbigos, e acredito mesmo que viemos aqui pra completar e não individualizar. Senso de comunidade e não de competição. Ajude o próximo não é só uma máxima bíblica. É algo que deveríamos botar em ação todos os dias de nossas vidas. Pronto, falei.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

"Entre quatro paredes", Jean-Paul Sartre

Huis clos, em francês, é uma peça de teatro escrita por Jean-Paul Sartre no ano de 1944. Todos devem saber que a Segunda Guerra Mundial estava chegando ao fim. Mas as pessoas que viveram essa época ainda não sabiam. Os campos de concentração já haviam chegado ao conhecimento de boa parte da população mundial. A sociedade estava horrorizada, havia uma grande oposição ao genocídio e à arbitrariedade do regime, contudo ainda havia aqueles que apoiavam o regime e a idéia nazista.

Pequeno parentesis: uma reportagem da Record, ou foi da Globo, na verdade tanto faz, enfim, a reportagem falava de um duplo assassinato no Paraná. Durante as investigações, a polícia descobriu que os assassinados, assim como o assassino, faziam parte de uma organização que festejava o nascimento (ou era a morte?) de Hitler. Sei que tinha a suástica nazista pintada na parede, cabeças raspadas, um bando de malucos achando o nazismo bonito. A polícia conseguiu umas fotos que foram divulgadas nos telejornais. Fiquei sem palavras (agora). Santa ignorância!

Voltemos a Sartre, assunto mais interessante com certeza. Na peça Huis Clos ele trás elementos importantes da sua teoria/filosofia existencialista, que está significada substancialmente no livro fundamental L'Être e le Néant (O Ser e o Nada), na pele de três personagens simbólicamente mortos e presos "para sempre" num quarto de hotel. Dizem que ele escreveu a peça numa sentada em um café de Paris. Impressionant! Esses personagens não se conhecem quando se encontram, mas rapidamente vão criando intimidade. E cada um no seu turno serve de carrasco para o outro. Temos Garcin, um jornalista covarde, Estela, infanticida, e Inês, assumidamente má.

Primeiramente Sartre representa que somos condenados a ser livres. Por exemplo, Garcin pergunta à Inês se ele é mesmo um covarde. Ela responde: "mas eu não sei de nada, meu amor, eu não estou na sua pele. É você quem decide."

Ah! importante, esse lugar onde eles estão, vem-se a descobrir que é o inferno. Eles sentem que vão ficar lá por toda eternidade, juntos e dependentes uns dos outros. Então, Garcin, no climáx da peça e da sua loucura, compreende que está no inferno, e diz: "[...] Ah, vocês são só duas? Eu pensei que vocês eram em maior número. (Ele ri) Então é isso o inferno. Eu nunca poderia imaginar... Vocês se lembram: o enxofre, a fogueira, a grelha... Ah! Que brincadeira. Não há necessidade de grelha: o inferno, são os Outros (L'enfer, c'est les Autres)."

No prefácio de 1965, após severas críticas, ele se explica dizendo que nem todas as relações humanas são um inferno. O que ele quis demonstrar foi simplesmente a importância capital dos outros para cada um de nós. Essa relação entre eu e o outro, quando mal-sã pode realmente ser um inferno. Não quer dizer que toda vez o outro é um inferno. Daí a responsabilidade de cada um usar sua liberdade e escolher o caminho que lha agrada.

Além disso, ele mostra, através do absurdo (as pessoas são na verdade mortas-vivas, simbolicamente falando) a importância da liberdade em nossas vidas, ou seja, a importânica de mudar de um ato para outro. O termo mort-vivants (mortos-vivos) vem dessa afirmação da liberdade. Muitas pessoas caem na armadilha dos hábitos, dos costumes e da preguiça, são julgados e sofrem com isso, mas não fazem nada para mudar. Por isso que os três personagens estão presos num quarto do qual não querem ou não conseguem sair. Até aparece, num dado momento da peça, uma oportunidade em que a porta do quarto se abre, mas eles não saem, têm medo. Segundo Sartre, "L'homme s'installe dans le confort de la routine et oublie qu'il a de la liberté." (O homem se instala no conforto da rotina e esquece que é livre).

Cada um pode mudar de rumo quando não está feliz ou satisfeito com ele, somos livres para isso. Mas no caso de não mudarmos, é também um escolha livremente tomada. Deve ser por isso que ele diz que somos condenados a ser livres.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Máxima oriental




"Só merecerá o nome de homem e somente poderá contar com algo que foi preparado para ele, desde O Alto, aquele que tiver sabido adquirir os dados necessários para conservar indenes tanto o lobo como o cordeiro que foram confiados à sua guarda"



Essa é uma antiga máxima, que exprime uma verdade objetiva de nossos ancestrais do Oriente. Foi retirada do livro Encontros com Homens Notáveis, de G.I. Gurdjieff . Vou deixar ela aqui para nós pensarmos a respeito.



O que será o lobo e o cordeiro dentro de cada homem? E como fazer com que convivam em harmonia dentro de nós? Cada um recebe o par à sua altura, acredito.

Essa é a primeira das máximas.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Des livres et des cendres (documentaire)

Le film présente plusieurs livres qui parlent de la relation entre le sujet et le monde. Cette relation difficile, ce besoin de comprendre ce qu’on fait là. Chaque auteur discuté a mis en évidence les problèmes de vivre dans notre société de consommation, les psicoses individuelles, la violence, les rélations entre individus, etc. Selon la psicanalyse tous ces tourments sont embrionnés pendant l’enfance, pour éclore à l’age adulte. C’est quand on dévient adulte que les problèmes existenciels commencent. À un certain age on est presque obligé de savoir ce qu’on veut faire de notre vie, et si on ne le sait pas, on est mis de côté par la société. Les amis disparaissent. La famille s’arrache les cheveux. Notre monde exige qu’on ait un job, qu’on étudie toujours, qu’on se marrie, qu’on soit heureux. Et pour cela on doit consommer les « pilules » du bonhour. C’est ça que les medias nous vendent, des pilules du bonheur. Est-ce qu’on devient heureux ? Apparament. Mais au fond, comme demonstre le film, on se tourne vers soi-même et on se demande si on est vraiment bien. Si les expectatives ont été atteintes. Si on s’était immaginé comme ça à trente, quarante ans. Et là, je pense, commence la descente vers les enfers, pour ceux qui n’ont pas réussi à s’adapter à la vie de tout les jours, au monde qu’on vit, à certaines atitudes des proches. Les raisons peuvent être infinies, mais le fait est que si on ne s’adapte pas, on rentre dans un tourbillon de doutes et malheurs, de desespoir et solitude, et parfois la mort est la meilleur amie de toutes. Nous, les humains, savont être méchants avec nos semblables, et aussi avec les autres créatures du monde. Nous sommes de vrais égoïstes à la recherche de nos égos. Et tampis pour ce que se trouve au millieu de notre chémin.

sábado, 9 de maio de 2009

Receitas da Palmirinha


A vó assiste o programa da Palmirinha religiosamente. É um programa de culinária da Gazeta, pra quem não conhece. Todos os dias aquela "grande mulher", nos dizeres da minha vó, apresenta uma nova receita para os fãs.
Lá pras 12h30, minha vó anciosa, almoça e vai pro quarto. Senta no "trono", uma cadeira maravilhosa hiper confortável, caderno e caneta na mão, esperando a novidade do dia.
- Odara! Hoje a Palmirinha ensinou a fazer um frango... você precisa ver! Temperado com suco de abacaxi!!! Você faz assim...
E aí segue a receita todinha, tim-tim por tim-tim.
Acho legal que ela exercita a cabeça, escreve, assimila e, as vezes, põe em prática.
Pois hoje foi dia de por em prática mais uma das deliciosas receitas da Palmirinha.
Tudo começou com:
- Vó, hoje vou fazer sopa de abóbora. Você vai pra tia mesmo e eu adoro.
Os olhos desesperados da vó demonstraram incerteza, "acho que não vou pra Leda hoje... ai, sopa de abóbora..." pensou aflita, com certeza.
Rapidamente tirou da estante unas 10 revistas de receitas daquele cara "no minuto", acho que é francês. Me deu pra olhar e escolher alguma coisa. Estrategicamente. Olhei como quem não quer nada. Uns 20 minutos depois, ela disse:
- Por que não fazemos aquela coxinha que a Palmirinha ensinou essa semana? É com farinha de milho! Deve ser mto boa.
Eu, muito anciosa com o exame de amanhã, topei. Ainda saí pra comprar um vinho!
A fome que me atacou as 9h30, passou nos preparativos.
Cozinha frango, desfia, refoga. Isso a vó fez.
Na hora da massa... que horror.
Ela tentou fazer, mas não tinha força, quase queimou. Fiquei histérica-controlada. Peguei a colher de pau, e nada, ela, a massa, não se movia... Meu Deus e agora? Joguei a massa na pedra. Lembrei que uma vez o Raphael me disse que tinha que sovar ainda quente. Meti a mão e... queimei. Lógico!
Já estava puta nessa hora. E a vó dizendo: põe farinha, lava a mão, faz isso, faz aquilo.
Divino amor. Divino amor. Divino amor.
- A Palmirinha tem um espátula de metal que ela mexe e rapidinho a massa tá boa. Acho que preceisa cozinhar mais. Acho que precisa de mais farinha.
- Vó, fica calma, vai ter que ser assim mesmo, não tem mais jeito. Tentei ME acalmar.
-Essa merda não tem jeito, nunca mais eu faço isso, quando alguém me pedir coxinha mando tomar naquele lugar. A vó tb estava indignada.
Começamos a fazer as coxinhas com a mão cheia de farinha de trigo, pra não grudar. Até que deu certo, aparentemete estava dando.
Aí a vó disse: - teve uma mulher que ligou pra Palmirinha e disse que as coxinhas dela abriram quando ela fritou! Imagina acontecer isso? Eu nunca mais faço coxinha.
- É vó, primeira e última.
O que a gente chingou pra enrolar essas coxinhas... até a vó falou palavrão! No final, deu certo, até demais. As coxinhas foram aprovadas. Suculentas. Uma delicia! E o vinho caiu mto bem também. Santa Helena, sauvignon blanc.

Segue a receita da massa. O recheio cada um faz como bem entender. Foi o que a gente fez.
1 xícara de farinha de trigo
1 xícara de farinha de milho
250 ml de caldo de galinha
250 ml de leite
50 g margarina
Joga tudo numa panela e mistura até soltar do fundo.

Boa sorte!!!

sábado, 2 de maio de 2009

Saneamento básico




No sentido que melhor cabe dentro deste assunto, saneamento básico significa garantir de maneira apropriada a chegada e saída das águas dentro das casas (o TODAS não está especificado...).
No país, sabemos que esse é um direito muitas vezes não garantido. Não podemos apontar sempre o governo, mesmo que ele tenha uma grande parcela de culpa. No Brasil as cidades crescem rápido e demais. As pessoas vão construindo suas casas "ao Deus dará". E quem é que controla?


Não faz muito tempo que começaram a se preocupar com isso em Natal. No bairro de Capim Macio, não faz um ano. Isso para uma capital de Estado. Imagina as cidades mais afastadas, que recebem menos verba do governo, que tem menos gente pensando e menos incentivo de criar projetos desse gênero. Acho que só se começa a pensar no assunto, quando a situação já passou do limite e virou calamidade. Essa falta de interesse desencadeia enormes prejuizos para a saúde pública e para o meioambiente, e há quem diga que uma hora não vai haver mais volta.

Andando pelo bairro de Mãe Luiza, isso para citar apenas um exemplo, vejo um corrego esverdeado, beirando o meio fio das calçadas e ruas, descendo rumo ao mar, sem mais nem menos, a céu aberto. Quem passa pisa, quem pisa pode adoecer, cachorros bebem dessa água escura e fedorenta. E todo mundo acha normal. Na cidade, em épocas de chuva, a situação piora, bueiros entupidos transbordam. Onde não há bueiros, alaga. Canos clandestinos estouram. E o mar recebe de braços abertos todo esse lixo.

Percebe-se imediantamente, que o descumprimento desse direito do cidadão, que é o saneamento básico, acarreta uma vida na sujeira, doenças que se proliferam, a poluição do mar. Temos que tratar nossa água! É um direito, e acima de tudo, um dever.