sábado, 23 de maio de 2009

Colocando um limite

Toda sexta-feira faço monitoria de literatura francesa na UFRN e quando dá meio-dia, vou levar ração pros gatos sem dono do setor V. Toda semana morrem uns e aparecem outros. Essa sexta a novidade era um filhotinho de menos de 30 dias de capa preta e peito branco. Minúsculo, mioso, ainda tinha esperança de encontrar a mãe. Mas isso não ia acontecer. Soltaram ele lá, sem dó, pra morrer lentamente. Me pergunto: por que não matam logo o bicho quando nasce, afogado em agua morna? Ou melhor, por que não mandam castrar a gata?
Lá estava ele, pequenino e faminto.
Tinha um funcionário limpando o jardim. Ele não quis me deixar colocar comida por lá. Disse que gato é a pior coisa que existe, que dá doença. Que tinha passado na TV que o pelo do gato é pior que os germes. Assim, ele falou um monte de coisa mal assimiladas, digeridas, generalizou e tomou partido. Eu vou por comida sim! Ele me disse pra colocar mais longe, dali, pros bichos não fazerem sujeira por ali porque os professores estavam reclamando do mal cheiro. Isso é verdade, tive aula numa sala que estava fedendo merda. Mas aí chegamos ao centro da questão: a culpa é de quem? Dos gatos? De quem os alimenta? Ou daqueles que abandonaram os bichos?
Primeiro, nós temos uma vantagem, deveria pelo menos ser uma vantagem: nós pensamos! Somos dotados da razão, deveríamos saber discernir entre o certo e o errado.
Se eu pudesse, traria todos pra minha casa. Mas o triste é que você salva um, e aparecem dez. Tenho ódio de gente que não tem consciência, que não sabe respeitar as outras espécies vivas que habitam este planeta.
E o pior não é escolher um ou outro lado. Mas sim, ser morno, estar em cima do muro. O lado do tanto faz, tanto fez. Achando que a vida é pra se viver assim, ao sabor do vento, sem tomar partido, sem fazer parte de nada.
A gente tá aqui pra crescer, pô! Pra evoluir como espécie. E não pra ficar igual, ou regredir.
O título desse post é "Colocando um limite", porque eu tive que me impor um limite e não trazer mais bichos pra casa. Já tá superlotado aqui. Mas no final das contas, acabei desabafando, e o que caíria melhor como título seria: Galera, vamos acordar!!! Eu falo de bicho, porque acho que essa é a minha causa, é com o que eu me identifico e gosto mesmo de ajudar, de cuidar e de lutar por eles. Mas temos por aí muitas outras causas, tão importantes quanto, e as vezes até mais. Será que é muito difícil arregaçar as mangas, pegar nas "armas" e ajudar alguém? Fazer alguma coisa todos os dias que não seja diretamente voltado para nós mesmo? O mundo não gira em volta de nossos umbigos, e acredito mesmo que viemos aqui pra completar e não individualizar. Senso de comunidade e não de competição. Ajude o próximo não é só uma máxima bíblica. É algo que deveríamos botar em ação todos os dias de nossas vidas. Pronto, falei.

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