Ninguém deveria analisar ninguém. O Marcelo veio me falar de análise poética, o quanto isso é absurdo. Cada um tem para si a poesia que entende. Ele afirma que o mais importante é a emoção que aquelas palavras despertam na gente. É o que fica. A pureza da coisa. Então como é que vem um professor detonar com nossa fantasia? Isso é terrível. Enquadrar uma coisa que é infinita. É como se um adulto dissesse para uma criança que sonhos não existem. Um homicídio interior. Não existe jeito certo de ver o mundo hoje em dia. Não existem mais bandeiras para defender. Marcelo diz que nos tornamos sarcásticos diante da vida cotidiana. Antigamente demandavam seriedade, hoje olhamos irônicos.
O que dividiu o pensamento humano foi especialmente a Segunda Guerra Mundial e seu genocídio. O Holocausto como muitos costumam chamar. Fomos mesmo capazes de tais atrocidades? O homem se viu mal. Injustiça é pouco para significar o que o povo judeu já sofreu em sua existência na Terra. Mais uma vez o Marcelo disse: os grandes homens da modernidade eram judeus. Marx, Einstein, Freud, entre outros que ele citou e eu não lembro os nomes agora. Os grandes eram judeus. Os que trouxeram algo importante para a humanidade eram judeus. Por quê? Porque eles se preocupam com a educação. Eles dão muito valor aos estudos. Lêem muito, pesquisam, questionam, justificam e buscam sempre.
Depois da guerra perdemos a seriedade. Que choque. Um homem só, convenceu uma população inteira (praticamente) de que aquele povo ali, que sabe fazer dinheiro, é inferior aos arianos, de cabelos louros e olhos azuis (questão de pele de novo?!). Olha que Hitler nem era alemão e nem era louro dos zói azul. Não. E através da propaganda convenceu uma nação. Para mim ainda é difícil entender como.
Mas enfim, o papo era a análise poética. O Marcelo não suporta quando dizem um jeito certo de analisar poesia. Aquele jeito quadrado: herói, anti-herói, estrofes, versos e bláblá. Mas agora ele vê também que não basta apenas ter um conhecimento mais elevado, tipo conhecer o contexto histórico, a história do poeta, suas manias e jeitos. Isso dá uma visão de entre-linhas, claro. Mas também não é o único jeito. Ele diz que hoje em dia importa muito mais as lágrimas que um poema tira de sua mulher, do que o significado que o próprio autor tentou passar. Talvez seja esse mesmo o objetivo da poesia: sussitar emoções, independente do entendimento. Pois, podem ser tantos. Eu gosto desta maneira legère de se poder ver os versos. Prefiro muito mais uma dança livre ao ritmo das palavras, do que uma marchinha militar. Pas vrai?
4 comentários:
Ah, Odara o Marcelo é um caguinho,
nada a ver.
Esbarrei de repente com este seu blog e qual não foi a surpresa de ter sido, pela primeira vez, honrado com um ensaio crítico-descritivo das minhas opiniões literárias. rs... obrigado, Dara, pela menção. Acho que você entendeu boa parte do que conversamos naquele dia.
Mas, apenas para esclarecer alguns pontinhos, permita-me alguns comentários:
"Ninguém deveria analisar ninguém".
Não foi exatamente o que tentei dizer. Analisar, afinal, que é isso? No sentido mais básico, é tentar apreender o todo por suas partes. Analisar um poema, seria, nesse sentido, poderia ser apenas comentá-lo verso por verso, o que geralmente se faz, até fora do círculo acadêmico. Vamos esquecer por um momento de toda a carga semântica que a palavra "análise" acumulou na academia. Nenhum acadêmico poderia contestar esse sentido mais geral da palavra. Foi isso: ninguém possui o monopólio denotativo da palavra "análise". O ato de analisar não é apenas escansear versos, nem dizer sentimentos afluentes. O ato de analisar, no sentido básico a que me referi, é simplesmente fazer sentido das palavras que está ouvindo, não apenas captar-lhe a essência, o geral.
Olha, no próximo comentário eu vou colar o script que preparei para aquela malfadada aula que a professora Sandra me desafiou a dar. A proposta da aula era apresentar uma forma alternativa de analisar um conto do Joyce nos Dubliners. É comprido, mas, se me permitir a ousadia... lá vai:
Opa... ih, é muito grande, o Blogger não aceita texto acima de 4096 caracteres. Bem, então, eu mando pra você, Dara, e se lhe interessar, você publica.
Um abraço
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