sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Anti-política, por Filipe Moreno


não dá
pra ficar só
Quem tem aversão a si mesmo.
Quem, para não ficar só
Cria uma versão de si mesmo.
e associa-se, avesso que seja
A quem quer que seja
Só para sonhar
ser o que não é.

Salve a solidão sincera
e bem acompanhada!

Salve a associação sadia
e desinteressada!

Salve a ciência de se estar só
e ainda assim, saciar-se só de si.

Pois só quem sabe ser Sol
pode brilhar
por si
só.


Filipe Moreno 10/10/10

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Chère fifille!

La vie est vraiment drôle! (Terrible!)
Parfois on fait de bêtises.
Mais ce que m'énerve le plus, c'est quand on n'est pas au courant.
On le fait sans faire exprès.
La bêtise est faite, voilà. Fait chier!
Il y a tellement de lâches dans ce monde.
On nous vend l'histoire heureuse avec une fin merveilleuse.
Mais en fait, le prince devient crapaud. Bof!
ça devrait être le contraire, non?
Merde alors!
Un crapaud qui devient prince: superbe!
Dommage que dans la vie, le chemin inverse est plus courant.
Un beau jour j'étais triste. Et une personne m'a donné quelqu'espoir de joie de vivre.
Mais non, c'était passager. Tout est passager.
Quelle bêtise croire au miracle. La vie est dure ma fille.
Tout le monde est déjà compromis, et toi fifille, a raté la train. C'est l'impression qui me reste.
Où sont les personnes disponibles et correctes?
Nulle part! Tout le monde a fait sa part. Et toi, tu es restée seule, dans cet univers de lâches.
Croire aux autres a toujours été ton mérite, mais maintenant tu es froide et méfiante. Quel monde ignoble, personne n'agit de manière véritable!
La vie est dure fifille. Prends soin de toi ma chère, c'est la galère.

domingo, 3 de outubro de 2010

Nada como um dia depois do outro

Pensei que seria fácil,
mas nunca é.
Pensei que ia sempre sorrir,
mas a boca amarga.
Pensei nas possibilidades:
elas são criadas por você.
É um caminho só, uma vida inteira acreditando nisso,
por que cogitar aquilo?
Na encruzilhada escolho a via que me parece acertada. (Às vezes chata, duvidosa, dolorosa.)
Como já me falou um grande amigo: "Sejamos superficiais, medíocres! Seria tão mais fácil, né Dara?" Mas nenhum dos dois consegue.
Ficamos com:
"Escolha sempre o caminho mais difícil."
Ele é solitário e incrível.
O conhecimento de si é como olhar o oceano: de longe parece piscina,
no entanto, guarda em sua profundeza grandes mistérios.
E dá medo.
Incompreensão das correntes, dos bichos, da escuridão e das tempestades.
A roda continua girando e lá de baixo olho pra cima e torço pra ela subir logo.
Me abalo um pouco.
Acho que decepção é um dos piores sentimentos que existe.
Vejo hoje a cultura com outros olhos, com uma visão um pouco mais ampliada.
Sei que somos diferentes, que existem ene maneiras de ver o mundo.
E por que isso me incomoda?
Olhar para o outro de um sétimo andar (Sartre conta isso em uma de suas histórias) como formigas que passam, dá uma sensação e mesmo uma posição de superioridade. Mas ela é frustrante e incompleta. A minha humanidade vai além.
Só se pode conhecer o outro, andando lado a lado.
Buscar compreender o seu processo, os seus caminhos, as suas complicações.
Sou feliz por estar aberta a novas possibilidades, mas isso não significa que tenho que gostar.
Mas por que me incomoda?
Ter opinião e aceitar a sua liberdade (que acreditamos possuir) é mais difícil do que se imagina.
Nisso, penso na massa manipulável que se deixa guiar como um rio pelas encostas até chegar num rio maior e depois no mar, ou num lago. Sem pensar, sem olhar, sem perceber.
Nadar contra a corrente, então. Esse é o caminho.
Duro é saber como. Acho que nunca se saberá.
Porque é intuitivo.
E cada dia, uma novidade.

Tenham bons sonhos.

Boemia

Começou com um jogo do Fluminense contra algum outro time. Domingo, 4h da tarde. Encontro marcado num "pé sujo" do bairro. O jogo acontecendo e nós na verdade muito mais interessadas na conversa jogada fora e nos goles de cerveja. O dono do bar, já depois de muito o jogo ter terminado, veio dizer que a cerveja acabara. Não acredito! Atravessamos a rua para a saideira no bar da frente.
Olha como na vida coisas incríveis acontecem. Já instaladas e de copo na mão para brindar a vitória do Fluminense e outras coisas mais, escuto o som de um violão. Prestei atenção na melodia, e acreditem se quiserem, era João Bosco que estava sendo tocado. Duas de nós se levantaram para ver quem era o tocador. Descobrimos uma mesa cheia de coroas, fazendo a mesma coisa que nós, apenas com um detalhe grandioso que era a música. Toca mais! pedimos exitadas. Ele tocou mais duas com o nosso acompanhamento, e achamos melhor deixar a mesa dos senhores pra não incomodar mais. E não é que segundos depois todos eles se mudaram para a nossa mesa, empolgadíssimos com a nossa alegria ao ouví-los, e foi uma seresta boa. Cantamos até o dono do bar mandar a gente parar por causa dos vizinhos. Ah, mas já?
A sintonia foi tão boa, com uma alegria de viver o momento presente, que no sábado seguinte, fizemos o mesmo programa, e encontramos os mesmo senhores, nas mesmas condições. Só que o dono do bar nem esperou a gente começar a cantoria, censurou o nosso projeto de cara. Vamos tocar onde? Sugeri um bar espanhol perto de casa, que tem um jardim e pode fazer barulho até às 0h. Todo mundo topou e lá fomos nós. Estava tudo tão perfeito, como poderia melhorar? E melhorou, porque lá encontramos um argentino de voz surpreendente que nos presenteou com boleros e tangos, até as 2h da manhã. Foi lindo! A madrugada, momento dos boêmios, é um bom lugar de ser vizitado de vez em quando.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Gente, acabei de falar com o presidente!

Acreditem, o presidente Lula acabou de ligar pra mim! Perdi o chão.
O telefone tocou. Quem será?
Alô?!
A Wilma. Meu Deus.
Me ofereceu os serviços de senadora.
E logo em seguida o Lula-lá falou.
Bem convincente o papo.
Mas a única coisa que me veio à cabeça: como foi que conseguiram meu número de telefone???
Assédio. Pensar que devem ligar pra trilhões de casas.
Achei agressivo. Ligar pra casa da pessoa com uma mensagem gravada, que loucura.
Estão apelando.
Não sei se sou do contra, mas esse tipo de atitude me faz olhar pros lados e pensar em que eu vou votar. Em outro, não neles. Se fazem isso, já não concordo. Não concordem!
Nos empurram campanha pela guela.
Evito assistir o horário eleitoral. Assisti uma vez só. Achei patético.
Santa ignorância.
E mais essa.
Já fico pasma quando descubro que o Itaucard descobriu meu novo endereço.
Ou a Credicard, o meu número.
Agora essa.
Como é que pode essa invasão de privacidade?

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Switzerland and happy familly


Prometi, mas não cumpri!
Que lastima.
Já voltei e ficou aqui um espaço em branco.
O que posso dizer, é que vi muita paisagem bonita,
e falei com pouca gente.
Não revi amigos.
Revi lugares.
Como sou espacial.
Adoro voltar aos lugares, e as pessoas?
Estranho, muito estranho.
Mas é assim. Tudo muda, menos a pedra.
Ela muda sim. Mas tão lentamente, que na nossa medida de tempo, é como se não mudasse.
Fui pra Zurique, claro. Cidade onde mora minha avó paterna. Foi um passeio rápido, de comida ruim e horas dentro do carro. Mas a vovó está ótima, cheia de vida nos seus quase 91 anos. Quanta disposição! Nem pude comer de novo aquela linguiça branca, tão famosa pela mostarda. Fomos à Berna, capital do país, ver os ursinhos e ursões. Atração da cidade. Ficam num barranco, ao lado do rio Aare. Lindo! Depois fomos pra uma montanha enorme, que se chama Pilatos. Subimos de tele-cabine e íamos descer a pé (2.130m), mas uma tempestade começou e acabou com nosso passeio e com nossa paisagem. Tudo virou bruma. Mas foi ótimo assim mesmo. Outro passeio interessante foi a volta no lago de Bienne de bicicleta. São uns 40km (mixaria, pra quem está acostumado). Mas pra nós foi pesada. Ficamos arrasados. Mas foi muito gostoso. Andar de bicicleta é genial. É muito melhor que a pé e que de moto. Está entre os dois: nem muito rápido, nem muito devagar. E a gente não precisa prestar a mesma atenção que a gente presta quando está na moto. Entretanto a sensação de liberdade é a mesma. Gostei tanto que cheguei aqui e comprei uma bicicleta. O último passeio foi pra uma cidade chamada Sion, no Valais. O local é famoso pelo vinho e pelas pistas de ski. Como era verão, ficamos só no vinho e visitamos dois castelinhos no alto da colina. Além dos passeios oficiais, fui várias vezes para Neuchêtel, cidade onde já vivi, tomei banho no lago, andei de bicicleta pra lá e pra cá, aproveitei as promoções enlouquecedoras de julho: cada escandalo por precinhos simbólicos. Comi tudo que tive vontade: fondue, raclette, iogurtes, tortas, bolos, chocolate, pães, queijos, frutas, geléias, etc, etc, etc. (ta aí outra razão da aquisição da bicicleta).
E o mais importante dessa viagem é que revi minha família completa: pai, mãe e irmão. Fazia muito tempo que não ficávamos os 4 juntos, e foi genial! Não desgrudamos. Divertidíssimo! Já estou morrendo de saudade.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Aí vou eu!

Desde agora começo a preparar a mala,
vou m'embora para o velho mundo.
Quem quiser ir na mala, essa é a hora.
Fica aqui o convite.
Escreverei do continente velho,
impressões pessoais:
um pouco de história e dos encontros casuais.
Saudades sempre, embora passageira,
ir pra estrangeira é bom demais.
vou sem eira nem beira,
pouca grana mas muita vontade de observar e contar,
o que por lá posso encontrar.
É sempre bom acabar com os estereótipos,
e ver as coisa na sua individualidade e pertinência.
Futebol é a época, mas além disso, museus continuam abertos,
festivais seletos, e muito, muito mais!
Quem quiser, aqui poderá ter minha impressão própria,
da visita que farei à dois países da Europa.
Até lá!

domingo, 20 de junho de 2010

Abre a cortina

Está ela sentada ao lado do monjolo vendo a mãe trabalhar. O sol já vai alto, quase onze horas. Algumas galinhas correm soltas pelo quintal. Dois pés de jabuticaba crescem lado a lado no fundão. Um cachorro amarelo coça as pulgas atrás da orelha e se estica, aquecendo-se nesse sol fraco de inverno. Ela segura a bacia de farinha, admira a força da mãe.
Tudo que comem na casa vem da roça. Roça que a mãe limpa, planta e colhe. Vem dos bichos no curral, das ervas no quintal, tudo é natural. O que hoje é "orgânico", para ela era cotidiano e natural. Mais tarde vão sangrar o porco, porco que quando pequeno era igual bicho de estimação, ia atrás dela e da irmã feito cachorro, brincava como criança, só que agora, muito gordo, essa é a única saída : virar costela, picanha, feijoada, torresmo... Hum, ela adora torresmo! Mas tadinho do porco... Não quero nem ver! Escorre uma lágrima tímida a este pensamento.
A família tinha dois empregados, Dito Galfo e Nhana Cuié. Nhana mantinha a mãe informada de tudo que acontecia na cidade.
Nesse dia, a empregada veio aflita contar para a mãe que avistara o Nhozinho entrando na casa de prazeres ali da praça! O pai da menina pegava o dinheiro da casa e distrbuía nos puteiros da cidade. Até casa comprou para uma. meretriz. Parecia até que eram ricos. Não eram. A família dava duro: ele mantinha um armazém, comida não faltava, e a mãe ia pra roça, mais pra esquecer do que por necessidade. Gostava de trabalhar e ganhar o próprio sustento.
Ao tomar conhecimento do descaramento do velho, a mãe ajeitou a saia, passou a mão na espingarda carregada presa atrás da porta da cozinha (pra espantar os ladrões de galinha) e saiu decidida: é hoje que eu mato aquele lazarento!
Com passadas largas e firmes, percorreu o caminho; a menina ia correndo atrás. Atravessou a praça sob o olhar curioso dos habitantes daquele interior de nada pra fazer. Subiu as escadas pulando os degraus. Espiou pela janela da sala antes de bater e viu o inficionado, com a viola no colo, tocando pras putas, um sorriso besta na cara, cigarrinho no canto da boca. A menina tinha apenas 8 anos, mas se lembra como se fosse hoje, via a mãe muito furiosa. Teve medo. A mãe respirou fundo e deu três batidas fortes na porta.
Imediatamente a cantoria cessou, os risos e deboches calaram, todos ficaram com as orelhas em pé, quem será? Ela bateu novamente, com mais força: Ara, abre essa porta! Ao ouvir a voz : Ih, é Lalaia! A casa toda estremeceu. E tá armada! O velho engoliu seco, levantou de um pulo, botou o chapér na cabeça, encaixou a viola de baixo do braço, Ai diacho! Pulou a janela dos fundos da casa e saiu correndo feito bicho assombrado, quebrando tudo quanto é pé de mandioca do quintal, sem olhar pra trás: é pernas pra quem te quero! Essa mulher aí eu num güento não!
Você só sabe que aquele dedo é importante quando corta,
você só dá o devido valor ao ouvido quando ele dói e entope,
você só sente o coração quando ele acelera apaixonado ou assustado,
e a cabeça, quando ela pede arrego.

Vivemos sem prestar atenção em nosso próprio corpo, demasiado preocupados com nossos vizinhos, familiares e colegas. Olhar para o umbigo, só no isolamento do quarto e da vida, num momento de abstração total de outros seres que nos cercam.

Alienados em nós mesmos e vivemos uma vida paralela e imaginária.
Isso para não pensarmos no que realmente importa.
Quem já chegou a um nível de consciência, sente isso nos outros e nele mesmo, mas o simples fato de sentir, já faz dele um isolado. Vê os outros que nem percebem, já consumados pelo consumismo infame, gritam hurras para a partida de futebol, para a gostosa na esquina, brindando a última moda, martinis, cervejas, petiscos, carnaval...

Onde será que tudo isso vai chegar?

sábado, 12 de junho de 2010

Prefácio

"Casas entre bananeiras
mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar

Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
Devagar... as janelas olham.

Eta vida besta, meu Deus."
(C.D.A)

Não tinham nada a ver um com o outro. Seus encontros começaram num trem que ía de São Miguel à São Paulo. Ela fugira de casa: não aguentava mais aquele interior de tédio e calor de areia. Ele buscava a mulher de sua vida.
A família dela tinha boa renda, o pai tinha um armazém e a mãe trabalhava na roça. Viveu sempre dentro de casa, protegida dos perigos da vida e dos homens, sempre fechada em seu pudor. Foi nesse tempo que aprendeu a cozinhar.
Ele já enveredava nos caminhos da técnica, tinha paixão pelas tensões eletrônicas. Sua família era pobre de marré.
Quando casaram, foram viver num cortiço com banheiro comum. Era um desconforto. Mas ela aceitou sua sorte. Antes isso que apodrecer naquele fim de mundo.
Casaram-se depois de oito meses que o pai da moça havia ido buscá-la em São Paulo. A virgem prometera voltar em um mês e um ano se passara...
Logo de cara, nas diretas dele, ela disse que não o amava. Mas ele ignorou o fato, e insistiu, até ter para si o que tanto almejara: uma mulher de papel passado e anel no dedo. A noite de núpcias foi assustadora para ela. Desmaiou diante da coisa imposta pelo laço matrimonial. Nunca pensara nisso e nem imaginava o que poderia ser. Nunca se recuperou do trauma. Para ela o sexo era esdruxulo. Nunca conheceu o prazer da carne. Fazia por obrigação. E dessa obrigação teve três filhos. Todos fortes e fisicamente saudáveis.
Ela aguentava a sorte a base de calmantes. E ele pinguçava. De temperamento calmo, quando bebia, chutava o pau da barraca.
Certa vez, ela implicando com a mesa de pernas tortas, ele com algumas doses na cabeça, resolveu o problema chutando as pernas com vontade de ver o mundo abaixo. Ela balançando a cabeça negativamente. Só pode ser louco. Suportaram-se até o fim. Dele.
Ela venceu as delícias do calmante e vive até hoje.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Confusão de junho

Entre livros, conflitos e nomes estou eu.
Sozinha.
É com gosto que leio "A estrutura da lírica moderna", de Friedrich.
Sempre quis entender a poesia moderna e nunca ninguém tinha me indicado um caminho...
Na angústia de um trabalho à apresentar em meio às feras acadêmicas, estou eu.
Metida.
Lendo e lendo, feliz da vida.
O feriado de hoje é a glória: poderei ler na minha rede, tranquilamente, os poemas de Drummond.
Queria vislumbrar o mistério da "Lição de coisas".
E do macro partir para o micro: preciso comparar poemas.
Poemas de amor, destruidor e egoísta.
Intitulei (aconselhada) o trabalho, "Os amores difíceis", parafraseando Italo Calvino.
Foi assim, entrei nessa por instinto e agora não sei se minto...
Aflição.
Paixão.
Apesar de tudo que ainda tenho que aprender e ler e ver e ouvir,
sei que a fonte é inesgotável,
sinto que estou na via certa, porque tudo isso me proporciona um grande prazer!

sábado, 17 de abril de 2010

Coisa pra mim?

- Você sabe coisar?
- Eu coiso, tu coisas, ele coisa. É uma coisa de louco essa mania...
- Pega aí esse negócio, e coisa!
- É passe de mágica?
- Tá entendendo.
- Às vezes não. Mas eu sei que quando nós coisamos, tudo fica acertado. O vós coisais saiu de moda...
- Mas a moda é essa: coisa pra mim? Se eles coisam, por que que tu não coisarias? Entende: você pega a coisa, e coisa! Tá feito!
- Mas coisar o que?
- Tem tanta coisa pra se coisar...
- Que cada um coise a sua coisa! Tem umas coisas que não dá pra aguentar...
- Mas a gente coisa assim mesmo! Tá entendido?
- Acho que tá.
- Então, coisa!

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Uma questão de energia


Essa semana meu carrinho resolveu dar problema... Tem mês que sou eu, tem mês que são os gatos, e tem outros que é o carro. Nunca estamos livres disso, sempre vai ter alguma pedrinha dentro do sapato. E é mensal. Uma maravilha! A massoterapeuta disso que problemas sempre teremos, o lance é saber lidar com eles: ou arrancamos os cabelos a cada contra-tempo, ou encaramos com tranquilidade (racionalidade, disse ela) e sorriso irônico. Eu confesso que oscilo entre uma e outra, mas quando acumalam-se os imprevistos, eu puxo a cordinha do f...-se e jogo pro universo. E é aí que vejo ou escuto as coisas mais interessantes.
Lá fui eu cedinho levar o carro, pro menino ver se tinha saído toda a ferrugem do bloco do motor (a água do radiador estava amarela). Fora isso, tive um vazamento na caixa de marcha, problema rapidamente resolvido (e pago)! O ácido que eles colocaram terminou de furar a mangueira que já tinha sido levemente comida pela correia do ar-condicionado. Resolveram colocar o ácido come-ferrugem de novo. Ai, Henrique, esse troço vai comer todo o meu carro. Que nada, ele só come ferrugem, fica tranquila.
Enquanto o mecânico terminava de ajustar o carro e esperava o ventilador acionar, o Henrique, dono da oficina, comeceu a falar enfaticamente sobre os prédios que cresciam ao redor de sua oficina. Do problema da água que aquilo causara. A poluição do lençol fréatico de Capim Macio. Da falta de consciência dos ricos. Do governo colocando a culpa nos pobres. Falou em Dubai e suas construções homéricas. "Sabe por que eles estão torrando toda a grana do petróleo? Por que esse tipo de energia está acabando, é uma porcaria! Pagamos muito caro para perfurar, extrair, etc. Os carros são mais caros por causa das substânicias necessárias para neutralizar a fumaça. Aqui no Brasil a gente podia estar investindo na energia solar e eólica. Os carros seriam mais baratos e leves, e vocês mesma poderia recarregar seu carro numa grande bateria (energia solar). Outra coisa é pedir pra gente que é pobre a ter mais consciência. Não gastar tanta água. Pode? Eu passo o dia todo aqui trabalhando, aí chego em casa e tenho que tomar um banho de menos de 10 minutos? Enquanto isso a madame liga um dia antes de chegar no hotel e pede pra eles esvaziarem a piscina com cloro e encher de novo só com água, porque o cloro estraga o cabelo dela... Ou então a indústria de ferro que gasta água que só a bixiga pra esfriar o ferro, e estocam esse ferro, porque nem tá tendo saída. Imagina pedir pra eles pararem de produzir, pra produzir só o que o mercado demanda? Nunca. Aí nós é que temos que tomar banho rápido? Eu não, trabalho pra isso, pago minha água, tomo um banhão de 20 minutos. Sabe, a gente tá alimentando um bando de gulosos, circulando com esses caminhões podres que nem carburador têm, soltando fumaça e poluindo o ar. O trem, por exemplo, é o melhor para transporte de cargas. Mas não, quem ganha dinheiro com isso não quer abrir mão. E esses prédios (apontando para o prédio em frente)? sabe que os traficantes se enfiam todos aí nesses prédios. Você já viu a polícia fazendo batida em prédio assim? O traficante compra um pra ele, no nome dele, claro, e outro, onde ele põe as coisas que não prestam, no nome de um laranja. Aí, nunca que alguém pega ele! Fora isso, pra que esses prédios tão altos? Antes, quando cheguei aqui, uns 20 anos atrás, só podia construir prédio baixinho..." Aí eu perguntei pra ele como é que a cidade fazia pra crescer, se não fosse pra cima. Ele se exaltou e disse: " Crescer? Tem que crescer pros lados, tá cheio de lugar aí pra se crescer. Por que esse povo não vai pra Japecanga??? Não, as pessoas gostam é de morar tumultuadas, aglomeradas, feito pombos!"
Depois dessa, o ventilador começou a rodar e eu fui embora. Deu vontade de dividir com vocês um resumo das teorias do mecânico. Ele falou muito, mas a memória não ajuda... Acho que esse cara entende muito dos problemas do mundo, melhor do que um monte de pessoas reunidas, em volta de uma mesa, criando teorias; porque ele vive o dia-a-dia, e não supõe as dificuldades, vive dentro delas.

sábado, 10 de abril de 2010

Embalos de um sábado a noite


Sabadão, último dia da semana. Que maravilha!
Sortudos os que terminam a semana na sexta, mas sabe que eu nem tenho vontade disso, pois sábado é o dia que dou mais gás no ganha pão da semana. São horas de aulas com pessoas queridas. Já passou pela cabeça parar com isso, me dedicar mais aos estudos, ter mais tempo pra mim... Mas como poderia abandoná-los? Me divirto tanto, me canso e saio de lá satisfeita. Termino às 5h da tarde estafada, mas feliz da vida. Hoje, exausta, depois de dois aulões de revisão. Afobei os últimos alunos à terminarem logo os diálogos, para não sermos trancados dentro da escola. Achando que já eram 5h40. Mas não, ao chegar no carro descobri que eram 4h40. Ainda faltavam 20 minutos pra aula terminar... Caí na gargalhada. Tenho o péssimo hábito de olhar apenas o lado dos minutos do relógio. Pra mim é um inferno ficar presa às horas. Pra vocês não?
Peço desculpas aí aos alunos que estressei... não foi por mal. As meninas que ficaram por último se voluntariaram a ficar comigo presas, só na água, dentro das grades do IFRN. Umas fofas. Ainda bem que não aconteceu. Graças ao relógio defasado da professora.
Chegando em casa, me pergunto: o que fazer? Propostas de baladas, barzinhos, bateção de perna. Vovó, nos embalos do Raul (Gil, gente), me fez ver alguns calouros de arrepiar. Um moleque de 13 anos incrível. Quase chorei de emoção. Os gatinhos num corre-corre atrás de mariposas perdidas aqui no nono por causa da chuva. Resolvi abrir um Chardonnay. E estou pensando seriamente em ficar por aqui mesmo. Tá tão bom.
Saíria pra dansar salsa. Mas onde? A única casa que tinha, morgou. Ir para aquela curva esquisita, nem tô no clima. Acho que vou ver um filminho, bem comédia romântica, pra relaxar e aproveitar o domingo sem horas de sono acumuladas. Não é uma boa?
E como venho constatando, tudo gira em círculos, o cotidiano é cíclico; o desafio é criar e extravasar dentro disto. Transbordar. Contudo, hoje estou mais para o sossego do lar.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

A nuvem passando






Passou uma nuvem, soprada pelo vento.
Pensamos que era chuva, mas que nada.
Nuvem passageira...
Na cidade de Natal isso é bem comum.
Um raio tímido ainda se fez ver, mas pouco. Muito pouco.
Foi quase uma faísca.
Passou. E com essa passagem o céu azul clareou o dia.
Por que tantas nuvem passando? e nenhuma chove...
Que mansidão: tranquilidade de tempos sólidos e a só.
Sem chuva que molhe e refresque.
Tudo é tão bom, calmo, com vontade do que se quer fazer.
Lá se vai a nuvem. Au revoir.
Por que prestamos tanta atenção a essas nuvéns?
Será porque aqui nunca chove?
O céu move-se numa constância inquebrantável
Lá se vão as nuvens. O sol, a lua e suas estrelas.
Alguns planetas, talvez.
Vamos olhar os planetas a partir de agora?
Mais complexos. Não apenas água e movimento.




terça-feira, 30 de março de 2010

A vida no prédio

Morar em apartamento tem suas vantagens e, lógico, desvantagens. Mas quero falar aqui dos múltiplos personagens que existem, separados apenas, por finas paredes, o teto e o chão. São consciências com gostos e desgostos. No calar do dia, quando a noite avança de mansinho, é o melhor horário para observar o movimento.
Esticada na beira da piscina escuto uma criança chorar no primeiro andar: é hora do banho. Alguns andares mais pra cima, alguém se exercita no sax. Som muito agradável. Ele embala a lua cheia e as estrelas mais ousadas. Um carro chega na garagem, conversa animada. No salão de festas, as babas estão reunidas para o lanche e fofocas. Enquanto umas oito crianças eufóricas correm em volta do prédio. Até que os maiores se escondem perto da churrasqueira, do menino mais novo. E riem a cada volta que o pitutuco dá, na tentativa desesperada de encontrá-los. Logo, passa a dona do labrador mais lindo, de olhos castanho-claro e hiperativos. As crianças sobem, logo mais seus pais estarão em casa e as babas terão o descanso merecido. E os pais começarão o terceiro turno.
Senti cheiro de carne de panela, pão com queijo derretido e fumaça de cigarro. As televisões estão ligadas, dá pra ver a luz ligeiramente azulada escapando pelas janelas. Algum tempo se passa, e eu sonhando ao som do sax, viajo para outra galaxia. E quando vejo, o prédio silenciou. Hora de se recolher. É noite.
Aí vêm as reuniões, os encontros religiosos, as plenárias, votação para síndico, etc. Pois é aí que começam os desgostos. Esse mês estamos em pé de guerra. A nova síndica e seu marido tomaram providências sem pedir opinião de ninguém, déspotas absolutos. O que vocês acham que aconteceu? GUERRA! Está uma loucura. Ainda não chegamos ao judiciário, mas está bem perto. Eu, que nunca participo destas coisas, ontem fui ver o que estava acontecendo, pura curiosidade jornalística. Anularam a reunião da comissão, com ameaças judiciais. Próxima segunda vai ter a reunião da síndica e acabaram escalando a da comissão pro mesmo dia. Eu quero só ver o circo pegar fogo. São muitas revoltas. Muito egos. Muita coisa. Morar em prédio é uma delícia. Só falta um jardim com horta, privacidade e entendimento geral. Sempre tem uma laranja podre ou um encrenqueiro. Mas isso acontece também com vizinhos de casa, não?
O que mais gosto num prédio é a praticidade e a segurança. E ver tudo do alto. E só.


segunda-feira, 29 de março de 2010

Inferno zodiacal

Quero ficar quieta, lendo um livro.
Me esquecer naquelas páginas,
me ver na pele dos personagens de ficção que ali estão escancarados.
Conhecendo aqueles mundos estranhos e terríveis do fantástico,
aquelas psicóses inimagináveis, grandes saltos de humor, e visões impressionantes.
Vejo minhas angústias menores.
Mas e aí?
Acabaram-se os contos, e ao fechar o livro me espanto com a normalidade em volta.
As mesmas marteladas da construção, o mesmo barulho de carros que passam na rua, o mesmo calor implacável, o ventilador sempre ligado, as pessoas irresponsáveis e desleixadas, tudo sempre igual.
Nada muda ali fora; mas aqui dentro é turbilhão.

domingo, 14 de março de 2010

La recherche du bonheur

Uma gota d'água no oceano, um grão de areia no deserto. Meio lugar-comum, de fato. Mas é isso o que somos mesmo: quase nada. Mas desse nada, podemos tirar grande proveito. Vivemos intensamente a vida que escolhemos. Intenso, não sei, vai de cada um e do momento. Mas quando a intensidade se achega...

Não vou dizer aqui que é fácil aceitar, nem que ela é uma constante, mas é certo que por períodos algo forte acontece. E isso é muito bom. Saímos da mesmice dos dias. Basta estar atento e enxergar os sinais. Tatuagem na alma que não te deixa fugir do óbvio. Contudo, protelar sempre é possível, e provável, para pessoas assim como eu, que aprendemos com o tempo a ter mais paciência, parcimônia e discernimento. Sentir-se bem com suas escolhas é realidade. Aqueles que não conseguem ver além da névoa imposta, vivem um pouco menos, do que aqueles que querem sair da zona de conforto e afastar a cortina.

Seria isso felicidade? Essa busca incansável pelo conhecimento, pelas realizações, pelo amor que a vida nos proporciona. La recherche du bonheur é o que nos mantém atentos aos acontecimentos. Tenho pra mim que quem busca isso nunca pára no lugar. Seria uma busca incessante em diversos campos da existência? Sentir-se completo em todos setores da felicidade, nem que por um segundo, é o difícil do negócio. Mesmo assim, cuidado ao virar as páginas muito rapidamente. Pode passar batido alguma coisa importante. Calma, reflita. Quem sabe você está no caminho certo, visto que você se sente bem e feliz.

"Lembre-se sempre de si mesmo".




terça-feira, 9 de março de 2010

Convite ao desejo



Palavrinha pra lá de interessante, entusiasmada por sei lá o quê que vem das entranhas, as vezes em forma de frisson causada por aquele aperto. Outras vem da nossa cabecinha imaginativa. Hum... que desejo. É só a carne? Ou tem um quê de psiquê? Como é bom desejar. E ser desajada é melhor ainda. Vem cá meu bem. Quero você aqui e agora. Não sei. A razão pede pra esperar. Se controla meu!
Mas chega uma hora que não dá mais pra segurar aquela vontade louca de fumar um cigarro, de comer uma barra inteira de chocolate meio amargo, de se jogar de uma ponte dentro de águas claras, de se entregar inteiramente ao desejo de ser mais do que se é vivendo simplesmente.
Quero mais, sempre quero mais. Mas com o desejo vem o medo de se chegar à um lugar onde desejo já não exista mais. Medo. Medo de tudo, do nada, de viver intensamente. E o depois? Necessidade de saber o que vem depois. (In)Segurança.
Desejar e se deixar satisfazer é um passo além daquilo que se conhece por controle. Muitos defendem que não controlamos nada, absolutamente nada. Mas é difícil aceitar isso. A cabeça diz que sim, que controlamos. Mas corpo e alma às vezes mostram que não. Chega um momento crucial, no qual o controle escorre por entre nossos dedos, e seja o que Deus quiser. Uso Deus aqui como simples frase de impacto. Porque a verdade é: seja o que a gente quiser. Ou consequência daquela coisa contida que quer explodir há muito tempo, que já não consegue mais se segurar, como fogos de artifício num céu de réveillon. É meia noite e o céu se ilumina numa explosão de cores e alegria.
Desejo? Até certo ponto ele é estável, controlável. Muito mais intenso é quando essa fase passa, e entra-se naquela do vem aqui agora. Prazer momentâneo, e muitas vezes finito. Mas só experimentando para se chegar ao gozo de todos os sentidos. Vale a pena? Oui, je pense!

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

La télévision


O que que acontece com a televisão?
O que se espera quando assistimos televisão?
Espero-se distração. Do que?
Espera-se também diversão. Ilusão?
Um pouco de ação! Imaginação.
Matar o tempo.
O tempo mata a gente.
Afinal, qual é a finalidade da televisão?
Já sei o que vão perguntar agora: mas tem que ter finalidade?
Acho que sim.
Quem perde tempo com bobagens, sofre ou não no final?
O que é sofrer pra mim, será o mesmo pra vc?
Qual é a minha visão de mundo (baseada em fatos narrados pela minha avó):
Quando a TV surgiu nas casas brasileiras, não chegou assim como a gente vê hoje: sem sair de casa, entra no site desejado, escolhe-se o produto, objeto de desejo incontido e muitas vezes superfaturado e supraestimados. Chateaubriand foi buscar as dele lá nos Estados Unidos!
Cresceu a vontade nas pessoas de possuirem o afamado aparelho. Surgiu a TV Tupi.
Era tudo em branco e preto. Peças de teatro belíssimas! Histórias de verdade, verdadeiras. Com as cores, cresceu a fome de poder, os concorrentes, o capital incitando o faro dos ferozes. E ficou essa bosta. Programinhas vázios, atores e apresentadores submetidos à regras, fofocas, histórias bobas. Salvam-se alguns telejornais.
Mas ela nos hipnotiza e nos faz relaxar. Cada vez mais opções de entretenimento se apresentam. Pode se passar o dia. A vista paga. Mas tem uns programinhas mais ou menos. Manipulação. Mentes vazias e sem experiência. Inércia. Lembro até hoje de quando aprendi o que era inércia. Quando penso nela, me vem a imagem do ônibus em movimento com um homem confiante dentro. Quando o ônibus freia, este homem se espatifa no fundo do carro. Inércia: à mercê de movimentos externos. Ou seja, se vc confia demais no movimento das coisas, se esborracha. Então a consciência de saber como funciona, talvez me proteja da ignorância de bandeja, servida pela nossa tão estimada e querida telinha.
Caminhando pelo conjunto de Ponta Negra, as casas com janelas deitadas na rua, pode-se ver as telas coloridas e barulhentas à pleno vapor. Vai começar a primeira das três novelas propostas pela Globo. E vale salientar, ela vem apresentando cada novela... Quem consegue assitir Tempos Modernos? Bons atores, obrigados a fazer aquele papelão. O que salva na novela das nove, são as belas faces e corpos. Cada menino bonito, cada menina interessante. O beijo de ontem valeu as baboseiras e chatices. Uns dialogos de encher linguiça. Mas então é isso que alegra. Um romance de novela. Ah... e tão subjetivo no mundo real. Mas enfim, assistindo novelas e outros programas, perdemos o pôr do sol, as pessoas, os contatos, a alegria das crianças, o velhinho sentado no banco, um babaca espanhol tentando fazer-se passar por brasileiro, etc. Isso é vida, não é? Na televisão tudo já vem pronto e não precisamos pensar, interagir, agir. Apenas vemos e ouvimos, engolindo tudo a grandes colheradas. Não seria isso uma droga?



quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Pintando a sala!

Quem foi que disse que mulher não serve pra pegar no pesado?

Verdade é que nós mulheres não conseguimos mesmo é ficar paradas!

Presas dentro de casa devido ao sol implacável do nordeste, enjoadas da mesmice da televisão, depois de experimentar diversas receitas de livros variados, resolvemos, num ato desesperado, pintar uma parede da sala. A parede onde fica o quadro do peixe.

- Um fundinho ocre-amarelinho ficará muito melhor, você não acha?!

E como criatividade é o nosso lema, resolvemos comprar tinta acrílica branca e corantes para fazer nossa mistura, criar a nossa própria cor ocre-amarelinho. Um basta aos enlatados!

A primeira mistura ficou muito amarela. A segunda muito branca. Na terceira mão acertamos o tom. Ficou lindo!

Olhamos para a outra parede sobressalente... Vamos pintar de verde? Oba! Verde bambu.

Mistura daqui, mistura dali, chegamos na cor desejada. E o bambu não saiu da nossa cabeça. Resolvemos pintar os bambus também. Terminamos.

Olhando em volta, o resto da sala ficou meio pobre, todo branco. Ah esses quadros num fundinho verde iam ficar melhor. E aquela parede ali, tem que ser laranja. Acabamos pintando a sala toda, minha mãe e eu.

Olha só:




domingo, 17 de janeiro de 2010

Ecovila Pau-Brasil - comida vegetariana

A "granja" fica em Pium, perto do Lago Azul. É um terreno de 2 hectares, grandinho até, vários tipos de árvores, um gato, um coelho e um restaurante de comida vega. A maioria dos ingredientes são cultivados lá mesmo. Uma das salas do restaurante, que dispõe as mesas em uma varanda agradabilíssima, é uma biblioteca miúda, com obras interessantes. A música ambiente é tão deliciosa quanto a comida. O almoço de domingo, como me explicou Pedro (proprietário simpatissíssimo), é supresa. Mas de quarta à sábado o menu é fixo: quarta é dia de yakissoba, quinta, de shitake com polenta, sexta não me lembro e sábado, claro, é dia de feijoada (vegetariana!).
O menu do fim de semana oferece uma entrada, o prato principal, sobremesa, café e chá. A vontade! Hoje, nossa primeira vez, comemos um pouco de tudo. O pão era de cenoura, com opção de patê de cenoura também, chutney de manga e vinagrete sem vinagre (interessante). A sopa era de abóbora com alguma coisa, como aveia ou knoa. Rúcula, alface e tomatinho cereja de verdura, salada de grão-de-bico e outra de quiabo. Cuscuz paulista, arroz integral, feijão tropeiro e nhoque de batata-doce. Tudo finamente temperado. Uma delícia. Tomei suco de mangaba com capim-limão. De sobremesa tinha pudim de tamarindo, um doce de manga com castanha de caju e um bolo de grãos e fruntas secas coberto com chocolate ao leite.
Depois de comer e papear com o anfitrião, fomos dar uma volta pelo terreno. Tem banheiro seco, uma piscina de captação de água da chuva, e a intenção de reutilizar toda água da propriedade. Muitas árvores frutíferas, cana-de-açúcar, raízes, verduras, tudo plantado naquele chão de areia. Tem um camping com barracas interessantes, ligadas por túneis. Entrando num lugar com mata nativa, encontram-se as denominadas "salas verdes". São duas. Cadeiras, bancos e uma rede, para quem quiser se deitar e curtir o canto dos pássaros, ver os bichos transitando, ouvir o barulho do vento brincando com as folhas das árvores. Um lugar muito legal para se conhecer.
Para os interessados, acessem o site: http://www.ecovilapaubrasil.com.br/, liguem pra lá, que eles darão todas as coordenadas e responderão possíveis perguntas.
Vale a pena conferir! Eu adorei!

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

São Paulo é uma loucura


Cinco anos depois... Chego em São Paulo às seis horas da tarde. Que beleza! Voltar pro lugar onde nasci. Estava na curiosidade de campo, e pouco interessada em encontrar pessoas. É meio estranho, eu sei. Nem eu consigo explicar. Desculpa os amigos que não contactei, e àqueles que contactei e não consegui encontrar.
Em Guarulhos, pegamos o ônibus até a praça da República. 30 reais por pessoa. Do primeiro banco do carro, vimos a silhueta de prédios desenhada no horizonte. Chegando do nordeste em pleno verão, fiquei impressionada com a verdura do lugar. Árvores e arbustos crescem em qualquer parte, até mesmo nas bordas do Tietê. Ô terra boa! E cinza.
Ficamos na casa de uma amiga de infância da minha mãe, a Maru. Ela mora na Liberdade, morram de inveja! Eu morri... Descemos no na parada de mêtro São Joaquim e arrastamos a mala ladeira abaixo até o cruzamento com a rua da Glória. Chegamos esfomiadas, no avião é só bolachinha (6) e suco. Sem almoçar, fomos matar a fome num restaurante chinês. As garçonetes nem falam português. Por mímica e muita força de vontade, conseguimos encomendar um manjar dos deuses.
Andamos pelo centro até chegar no mercado municipal no outro dia. Era nossa ceia de Natal que estava na lista de compras. Fugindo daquela coisa "família", compramos só delícias que o paladar já desacostumara. Funggi, presunto cru, queijos, azeitona temperada, quiche, frutas, Chianti, etc. De tanto andar, comemos e dormimos. No outro dia, a Maru levou a gente para o Ibirapuera. Continua lindo. Andamos e andamos. Muito papo e lembranças da infância. Eu só ouvindo.
Passamos pela praça da Sé: vimos gente correndo pra pegar o mêtro, pulando por cima daqueles que dormem de baixo das árvores; um cheiro de xixi no ar. Ônibus e carros transitam loucamente. A gente cruza a rua. Massa de gente escorrendo pelas ruas cheias de lojas que oferecem tudo que se pode imaginar. O cheiro de comida paira no ar. É churrasco grego (kebab), lanches, japonês, chinês, pastel. Chegando no Municipal, é aquela fartura: produtos importados da melhor qualidade. Preços altos. Do lado de fora, gente pedindo esmola. Junto aos arranha-céus coloridos, temos parques e árvores espetaculares. Muita gente passeando com cachorrinhos enfeitados. A Av. Paulista estava toda enfeitada para o Natal. Com luzes, papais-noéis, árvores enfeitadas e um coral. Foi lindo. Sabe aquele projeto do Bradesco, para crianças carentes? Os filhos dos funcionários também participam. Cantaram músicas natalinas lindas. A calçada estava cheia de gente para escutar. Fiquei impressionada com o tamanho dos prédios de bancos. Estava uma disputa visual pela melhor apresentação de Natal. Nos regalamos. Visitamos o parque Trianon. Fomos atraídas pelas árvores "argentées". Iluminadas em cor de prata. O lugar é a única reserva remanescente de mata atlânitca da região. Fica em frente ao MASP.
O dia começa ao som de Cazuza e Marisa Monte e cigarro. Não que fumemos. A Maru que fuma a essa hora. Fomo ver Avatar. Só que não em 3D. Bem que queríamos, mas a sessão estava lotada. Vimos normal. História previsível, imagens estonteantes. Em 3D deve ser bárbaro.
Quando a Maru voltou a trabalhar, acho que dia 27, ficamos por nossa conta. Fui tirar a segunda via do RG num Poupa Tempo, que devo dizer que na Sé, é um Perde Tempo. Depois de tirar, o papelzinho e pagar a taxa, me dei conta da dimensão de São Paulo. Tinha, apenas, 2 mil pessoas na minha frente! Isso em horas é igual a 4. Pra dar entrada no documento! Joguei pro alto, fui tentar tirar na Luz. Lotado também, porque já era tarde. Fui curar a derrota na ladeira Porto Geral. Fomos à forra. Prefiro não entrar em detalhes. Só posso dizer que voltamos eufóricas e, um tanto quanto culpadas, para casa.
Finalemente fui para o Museu da Língua Portuguesa! Já infernizei tantas pessoas para saber desse museu, e finalmente pude ver com meus próprios olhos... e ouvidos. Adorei! Não deu pra ver tudo nos mínimos detalher como gostaria, mas deu pra ver no geral e posso dizer que vale muito a pena conhecer para quem se interessa pela língua e literatura brasileira. E não precisa ser expert: é básico e muito bem apresentado. A exposição temporária era da Cora Coralina. Tinha um corredor de telões falando da cultura brasileira, da presença e importância da palavra nela. Gostei muito!
Depois do Museu, na Luz, andamos até a Praça da República. Demos uma volta na praça atrás do Galettos. Achamos O Gato que Ri. Subimos ladeira até a Sé e tornamos à Liberdade exaustas. Capotamos antes da Maru chegar.
No dia seguinte, fui direto pro Poupa Tempo da Luz, dei entrada no RG em 30 minutos e achei rápido. Fiquei feliz. Pra onde fomos? Não lembro.
No dia 31 saímos pra comprar as últimas coisas, comida para o réveillon e uma caixa de bonbons pra Maru. Ficamos morgando de tarde. Assistimos o filme "Se beber, não case". Gostei. A Maru convidou uns amigos, fez tender e depois de comer e beber a especialidade da casa: caipirosca de abacaxi, fomos para a Av. Paulista, nos misturar com outros 2 milhões e quinhentas mil pessoas. Ficamos nos telões. Primeiro teve Maria Rita. E Chuva. Dupla sertaneja que não conheço e chuva. Demos a volta na fronteira de ferro. A chuva parou. Contagem regressiva, FELIZ ANO NOVO!!! e a chuva foi voltando lentamente até se tornar forte. Martinho da Vila entrou no palco. Ótima escolha para começar o ano. Dançamos duas música; a chuva estava impiedosa. Na terceira, viramos de costas, em direção à casa. Caminhamos um bocado. Senti frio! Em casa, todos sentamos em volta da mesa, copo de vinho na mão, tender no joelho, muitas risadas e um VIVA para o ano que entra! Um ótimo ano à todos! Bateria recarregada...